No sangue seco e pisado
na sola desse sapato velho
e uma espera quer sobreviver
e a vida morta exposta a reviver
o passado irado, errado, errático
desse desassossego sem medo
pilhado ou empilhado aos corpos
entre as flores de um olhar alado.
No sangue seco ficou grudado meu DNA
e na sarjeta os micróbios corriqueiros
fugitivos de um banheiro, imundo
onde dormem homens e sonhos
de um passado que passou depressa
e o que ficou foi minha dor de cabeça
inchada, rechaçada, ressacada de vinho
e as flores foram enfeitar tumbas e ataúdes.
No sangue seco a sede escassa, imbebível
os copos dessa cachaça, tão curtida insana
em bocas emboloradas, apedrejadas,
por pecados catalépticos esquecidos no inferno
ou apenas um delírio abocanhando o mundo
já doente, improdutivo, e o veneno é nocivo
enquanto ingerido devagar, esperando amar
ou apenas matar as flores dessa gélida agonia.
Jonas
Rogerio Sanches
Imagem: Google
Nenhum comentário:
Postar um comentário