terça-feira, 30 de junho de 2015

Tresloucadamente Poesia



Poesia louca, loucura insanamente doida
entre versos e universos paralelos, sem elos
e há martelos e pregos, meus pés em chinelos
de borracha que apagam as pegadas da areia
na ampulheta secreta do tempo e do vento
que voa tranquilo entre os minutos nulos e vivos
intercalados em uma inspiração tresloucadamente sã
e um elã transversal que equilibra a balança do bem e do mal,
malsão, insano, sucinto o que sinto na infinita dose
de poemas & outros poemas em branco e preto
em um olhar daltônico de um poeta esquisito
que pesca sonhos na esquina esguia do botequim.


Jonas R. Sanches
Imagem: Salvador Dali

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Bukowski & Baudelaire entre Deuses Antigos e Poetas Épicos



Solstícios e equinócios entrecruzados
em zodíacos intermitentes e estrelas
cadentes em céus de finais de julho
onde Bukowski & Baudelaire jogavam
xadrez em uma esquina louca sideral
bebendo um cabernet em taças de cristal
e debatendo Hesíodo e Homero
compondo sonetos épicos pelas ruínas
de um templo onde os deuses faleceram
e deixaram marcas cinzeladas nos pilares
que outrora se estendiam até o céu do Olimpo.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Ah! Meu Amor...



Ah! Meu amor
como eu te amo,
sem você não haveria planos
a vida seria enfim
uma catacumba vazia sem alegria,
cemitério sem flor,
pecado sem heresia...
Arco-íris sem cor,
sofrimento sem agonia...
Ah! Meu amor
como eu te amo,
sem você eu seria um boneco de pano
orbitando em caos o planeta Urano,
ou desfalecendo no umbral por mais de dez mil anos...
Ah! Meu amor
como eu te amo,
com você sou cometa, sou nuvem, sou alma;
você é a sinopse do livro que acalma
toda turbulência do mundo que vivo,
que é meu... Sem você o meu ser faleceu
e no seu beijo então renasceu.


Jonas R. Sanches
Imagem: ultrad.com.br

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Enquanto Rimbaud Plantava Sonhos Gorbachev Plantava Papoulas



Cadafalso e encruzilhadas
em noites frívolas de catacumbas
entre mortes vivas e hierofantes;
cães, cervejas e refrigerantes
& na mesa Rimbaud e um café
insosso em uma esquina de Paris,
Páris e Helena fugindo de Tróia
em uma carruagem louca insana
para reencarnarem na Perestroika
e nas fuligens de Glasnost
Gorbachev fumava charutos cubanos
em uma sala blindada no Éden
imaginário de uma alucinação
nascida dos jardins de papoula
que geram o ópio do Afeganistão.


Jonas R. Sanches
Imagem: Danny Beath

Soneto em Viés ou em Pensamentos Transversais



Nasceu em tom pastel da mão do menestrel
livre a brilhar à luz de vaga-lume
voando no jardim de flor em Aljustrel
que emana seu olor em raro perfume.

Era tela rabiscada à mão e a carvão
retratando o viés d’algum pensamento
que rebrota no instante de um coração
com canção a retumbar o seu elemento.

Foi tela nascente no porvir do dia
em cor de algodão rebrilhando alegria
na voz que entoava toda uma tristeza

mavioso gorjear revendo a beleza
da estrela ressoando pelo infinito
e a luz do universo ao limiar do mito.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 23 de junho de 2015

Soneto do Dia Renascente



O sol não havia despontado
e a relva era mato orvalhado
os pássaros desadormeciam
e as flores no pastos eclodiam.

O alvor surgia refulgente
nuvens plúmbeas ao horizonte
contrastavam no firmamento
no dilúculo ao pé do vento.

O poeta deitou-se em soneto
pelas letras anódinas da alma
que fulgiam uma enorme calma;

reluzente num nobre poemeto
que verseja ao dia renascente
e acalma o limiar de toda gente.


Jonas R. Sanches
Imagem: M. Ferran

sábado, 20 de junho de 2015

Snoop e as Aventuras de uma Poetisa Tristonha



A borboleta voou,
roubou as cores do Charlie Brow
e o Snoop fugiu
pela Califórnia adentro
em uma tarde de domingo
mas, haviam esperanças
e as coisas voltariam ao normal
mesmo que o presente é intempérie
e o amanhã é amanhã
sem dores, sem rancores,
simplesmente amanhã
com o mesmo sol de hoje
e a mesma poesia eterna
que amaina os sentimentos
e, fortalece o sonho
de dois seres serem um só
e viverem felizes para sempre...
Woodstock lacrimejou na gaiola
mas o tempo o libertou também.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Sexta-Feira do Nosso Amor



Sexta-feira treze;
sexta-feira dezenove;
sexta-feira vinte;
não importa a data
importa que é sexta-feira
de reza e encruzilhada;
de cerveja e churrascada;
de agarrar a namorada
na alcova e no devaneio
da poesia de nós dois
juntinhos, de mãos dadas;
de almas entrelaçadas
de sexta-feira à sexta-feira
eternamente & o nosso amor
é isso, é assim apegado,
corações enamorados
eternamente, infinitamente;
nem a morte nos separa,
pois, é amor anímico profundo;
amor de eras e eras,
amor que transpassou guerras
e, agora somos nós
e, hoje é sexta-feira nossa,
só nossa, compartilhada de amor.


Jonas R. Sanches

terça-feira, 16 de junho de 2015

Estrelas Aborrecidas em Funerais Estrambóticos do Além



Mil canapés e miríades
selvagens de estrelas
opulentas e ofuscantes
em um céu marfim
com rastros de sonhos
mumificados em ataúdes
doirados como os cabelos
das espigas de milho
em algum beco estrambótico
de algum lugar da Ásia Central
entre montanhas e penhascos
que cortam caudalosos rios
profundos e raízes milenares
de árvores de incensos místicos
em funerais solitários na campina
seca onde  canta um galo amanhecido
por auroras alienígenas
em janelas antigas & ritos
fúnebres antigos entre sorrisos
de anjos decepados na estrada do sol.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Letras ao Léu



Letras soltas ao léu
sem eira nem beira
descrevendo o céu
escrevendo a poesia
sobre a noite e o dia,
sobre todas maravilhas
do sol e do arrebol
se contrapondo à aurora
que vigora aos pássaros
e às flores desorvalhando
pelos jardins de mim.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Dia dos Namorados


D eus me deu você
I nda lembro a primeira vez
A mando-te sou feliz.

D eus me deu você
O presente mais valioso
S ou feliz por amar-te

N amorada de minh’alma
A mo-te até o fim da vida
M inha açucena, minha querida,
O sonho da minha alegria,
R ainha da minha existência,
A mo-te até o infinito
D aqui até a eternidade
O sol que me ilumina
S empre te amarei minha menina.


Jonas R. Sanches

quinta-feira, 11 de junho de 2015

José Escreveu Sobre o Que Viu... José era um Poeta Antigo...



Eu junto tudo que vivo e vejo
em um maciço devaneio literário
que esconde e expõe significados;
basta o manejar da língua mãe

que abre o leque da sensibilidade
e reconstrói sua sintaxe ao elã
do predicado que é alado e neologista
quando descreve à palavra do amanhã.

A cruz dizendo o duvidoso da encruzilhada,
a cruz sangrenta do calvário dos martírios,
a cruz vermelha coroada de clemência,
a cruz do louco que nem sabe a oração;

basta o reflexo do complexo da língua
que mostra aos olhos toda uma compilação
do que era antes, o sujeito e a condição
que a Mater propõe aos olhos da evolução.

Eu junto à cruz, eu junto o medo e o grito
num reverbero que estremece a alma
mas, o correto não é certo do que disse
e, então a noite escurece nessa mesmice.


Jonas R. Sanches
Imagem: Ilustração de José Manuel Saraiva para o livro Antologia Poética de Cesário Verde

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Sobre um Firmamento que Cuida de Mim e do Meu Amor



No firmamento lúgubre da noite
eram nuvens de cor de sangue
refletindo o fogo e as chispas
que lançavam-se livres ao ar.

Não havia vento nem o piar
das corujas costumeiras, era silêncio;
de som somente o sôfrego respirar
e o retumbar de um coração poético.

Agora ao fundo a música do tempo
ressoando em harmonia seus minutos
e um leve farfalhar moveu os galhos
verdejantes que guardavam as sombras soturnas.

Descansei minh’alma na poesia
que formou-se no elã da observação;
alma noturna que discorre letras bruscas
enquanto do outro lado a morte é certa.

Depois que a noite amainar as estrelas
eu adormecerei na alcova junto ao amor
que foi-me destinado pelo canto do anjo
trovador, àquele que é o guia dos caminhos.

Depois que a noite descerrar o firmamento
eu e meu amor contemplaremos o infinito
e no derradeiro grito de um velho curiango
poetizaremos sobre nossos amáveis anos.


Jonas R. Sanches
Imagem: Muddymelly

terça-feira, 9 de junho de 2015

Poltergeist



Às vezes por onde cirzem meus poemas
são caminhos obscuros dos becos da alma
e a morte é espreitadora de cada momento
que surge inesperadamente nos labirintos
da ignorância da consciência humana
& o amanhã é o mesmo que ontem;
felicidade é anedota confusa do pensamento
que percorre os rios infinitos do infinito
e deságua na inóqua e estéril foz da ilusão
& Circe ri dos mortais nos bacanais incessantes
de Baco, mas os deuses eram hilários
enquanto observavam olhares cegos
que imaginavam uma nova era ao pôr do sol.


Jonas R. Sanches
Imagem: Pablo Picasso

Sobre a Vida e a Morte Incessante dos Tempos Imortais



Tombaram reis e generais ao tempo,
no fio da espada o sangue escorreu,
culpados e inocentes à morte gemeram
e os trovadores cantaram suas histórias;

tragédias reais e trazidas de lendas,
horríveis estórias, cantigas e parlendas,
cinzeladas em pedras, sangradas em pergaminhos
que o tempo guardou nas entranhas do limbo.

A maldade humana é cruel e inescrupulosa
mas, a contraponto a bondade é misericordiosa;
é o bem e o mal que caminham entrelaçados
pelas eras das eras, futuro, presente e passado.

Incondicionalmente essa é nossa natureza,
destruir, descontruir, extinguir o que é nosso,
reinos banhados em sangue de guerras insanas
e a alma que inflama almeja a paz que conclama.

Nada que é feito pelo homem é duradouro
mas,  resiste ao tempo nas mãos dos escribas
que registram a história sangrenta e vivida
pelos antepassados sangrando às suas feridas.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Édens Profanados



Verdes campos secos da mente
alucinada entre as barbáries humanas
em segundas-feiras ou sábados,
tanto faz o sol que corrói a carne
putrefata em uma cova coletiva
no quintal d’alguma aldeia esquecida
em tempos de guerra ou de genocídio
& a alma labuta de vida em vida
carcomida pelo sofrimento mísero e real
das lamentações e nacos de misericórdia
& não há a concórdia dos deuses
que hilários fazem piadas sobre a morte
de seus filhos eternos e malditos
que profanaram as águas límpidas
dos sete rios que desaguavam no Éden.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Relíquias Guardadas



Guardei o sol em uma tarde cinzenta,
bebi toda a chuva pela garganta de um rio,
cresci junto com florestas intocáveis,
fui nuvem dentro de um tela de aquarela;

guardei a lua em um envelope antigo
enviei-a para você com flores de cristal
colhidas lá no fundo do quintal em jardim
imaginário que eu semeei em poesia.

Guardei estrelas em galáxias distintas,
explodi minha alma em uma supernova,
fui luzeiro em um profundo buraco negro,
germinei planetas há anos-luz dos meus sonhos;

guardei as letras em um ataúde de porcelana
juntei-as em um cadinho hermético de barro
ali foram transpostas todas as substâncias
que compõe a parte translúcida do espírito.

Guardei o grito dentro do eco infinito
de trovões distantes que estremecem o chão
de um céu paradisíaco onde anjos e demônios
tomam chá das cinco junto a Bandeira e Baudelaire.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Solilóquio de um Poeta de Asas



Solilóquio de um poeta insano antigo
falando o verso refletido ao coração
em seus dizeres algures o próprio amigo
em seu mergulho vasto de introspecção.

A mente vaga como um pássaro e o poema
é um emblema de asas e galardão
e flâmula ao vento é o pensamento
que dissimula um’alma pura na elisão.

Metapoema, metalinguagem, metrificação;
ao longe a vida transcrita pela inspiração
e o elã é amplo transcrevendo a vastidão
de universo dentro de um verso de conclusão.

A mente vaga como um pássaro voando ao sol
e uma lembrança de outra infância no arrebol
quando a criança era o retrato da inocência
de um mundo novo devastado pela indecência.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Se



Se encalorar... Vente!
Se ressecar... Chova!
Se penumbrar... Luza!
Se embarulhar... Cale!
Se repetir... Modifique!
Se nublar... Ensolare!
Se tropeçar... Levante!
Se demorar... Avance!
Se desgraçar... Alegre!
Se prantear... Sorria!
Se congelar... Derreta!
Se duvidar... Prometa!
Se magoar... Esqueça!
Se probemar... Poete!
Se poetar... Verseje!
Se versejar... Liberte!
O imaginar... Que sentes!


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 2 de junho de 2015

Inverno Precoce



Inverno é precoce e há nevoeiro,
no quintal do universo o verso
friento de bater todos os queixos
e os passarinhos acocorados no varal
parecem bolas de plumas ou lã
de ovelhas antigas de um pastor anônimo
das montanhas gélidas do Nepal
ou das planícies áridas de Israel
& o inverno é precoce e há chimarrão
nas cuias viravolteando fogueiras
nos pampas e nas serras do sul
e há cappuccino na escrivaninha do poeta
que trêmulo ensaia alguns versos glaciais
mas não há mais muitas flores
& não há mais sapos nem borboletas
e os cães se encolhem no sofá
esperando a aurora com os primeiros
raios que aquecem a vida cotidiana.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Ode aos Pintores Imortais



Van Gogh cortou a própria orelha
para dar mais sabor a feijoada
enquanto Michelangelo roubava estrelas
e pintava um novo céu na madrugada;

Pablo Picasso roubava dentaduras
enquanto retratava Amedeo Modigliani
& Botticelli em ápice de adágio
acusava o verdureiro de plágio;

pelas noitadas adentrava Caravaggio
atrás das musas de noventa anos
enquanto Rembrandt cochilava no estágio
da escuridão que pintaria pelos quadros;

Claude Monet nunca vira uma gilete
só para um dia tornar-se papai Noel
& Mondrian com seu bigode hitlerista
fez a carvão autorretrato no papel;

René Magritte sofria de sinusite
pintava as dores pelas cores na cabeça
& Tintoretto de bizarrices bucólicas
pintava a morte dependurada nos becos;

então Tarsila exilou-se em sua ilha
e retratou a sua alma de Amaral
enquanto Portinari se despedia da família
indo morar aonde mora o lobo mau;

Willian Turner revelou-se romancista
sendo inspirado por Lorrain e Poussin
& Salvador foi o Dali surrealista
mas nem que insista ele lembrar-se-á de mim.


Jonas R. Sanches
Imagem: St. Jerome - Caravaggio