Ele aguardava solitário o próximo minuto, contava tic-tacs
entre uivos na madrugada tão gélida que parecia o cadáver da noite, pela
vidraça embaçada olhava os faróis do firmamento ou eram simplesmente algumas
estrelas desfocadas pela bruma e a penumbra.
Ele aguardava solitário a próxima metamorfose, contava
minutos entre suspiros cansados no frágil espelho que já trincado dividia sua
fronte em mil pedaços, e eram todos os fragmentos dos pensamentos espalhados
pelos reflexos de um olhar diáfano, que via espíritos algumas vezes ou eram
apenas algumas alucinações causadas por essa insônia doentia.
Ele aguardava solitário o trem da morte, contava os dias que
se esvaiam sem ao menos deixar alguma boa recordação, das noites vividas apenas
sussurros mal dormidos entre um pesadelo de quimeras e um jardim ressecado pelo
frio da alma.
E de tanto aguardar o tempo passou e na fração última de
segundo um olhar para trás e uma visão carente de sentimentos que se
desintegrava junto a vida mal vivida, na janela que rangia como as juntas de
ossos gastos a última contemplação e então ela chegou e ceifou todos os sonhos
que já estavam mumificados dentro de um coração petrificado que as três horas
da manhã bateu pela derradeira vez.
Jonas
Rogerio Sanches
Imagem: Google
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