terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Pétalas Enviesadas




Minhas pétalas enviesadas
são olhadas de soslaio
na rua das primaveras
no balcão do botequim

e o meu sangue é só por mim
meu suor de orvalho
vicejantes os colibris
embebendo-se no meu caule

e quando chove à estação
é porque já é verão
é porque me recolho à semente
pra semear o novo de mim...

Jonas R. Sanches
Imagem: Marcel Caram

Versos Entardecidos de Novembro




Nas cores do pôr do sol
melindres de nostalgia
derradeiro à luz do dia
nas margens do Rio Xingú;

nas cores cobrindo o céu
os pássaros pintalgados
nas copas dos arvoredos
trinados contam segredos;

nas águas a mansidão
entrecortada pela canoa
a noite deitando à proa
beijando o lindo luar;

nas estrelas um novo verso
cantado feito seresta
na viola canção transversa
de um poeta que é trovador...

Jonas R. Sanches
Imagem: Salvador Dalí

Foz do Coração




Minha foz deságua
n’outras cachoeiras
águas derradeiras
chuva de paixão;

e o rio que passa
carrega a saudade
vinda d’outra idade
talvez do coração;

e a velha poesia
fez-se em melodia
ao raiar do dia
nas vozes do sertão...

Jonas R. Sanches
Imagem: Cícero Brito

Contemplando o Fim do Dia às Margens da Saudade




Deitei o tempo ao horizonte
entre minhas cores e de outrem
o meu olhar buscou além
das margens rasas dos meus olhos

e, foi saudade pitoresca
à contemplar a flor azul
que com o vento foi trazida
levada às bandas lá do sul

e, foi momento em nostalgia
à contemplar o fim do dia
enquanto o peito em rebento
marcava o som da melodia...

Jonas R. Sanches
Imagem: Vladimir Kush

Analgesias Transcendentais




Se a dor me irrita
eu tomo uma birita
mas, se vem à tona
eu tomo dipirona
mas, se estiver ameno
eu tomo ibuprofeno
mas, se ela em mim reside
eu tomo profenid
e daí eu fico mal
e encho a cara de tramal
e isso até me anima
então eu tomo codeína
e olho o pôr do sol
com uma caixa de paracetamol
mas, ela não sai de mim
então apelo ao vicodin
e quando ela se torna minha sina
vai uma ampola de morfina
e mesmo assim me falta sorte
então bebo um cálice de morte.

Jonas R. Sanches
Imagem: Jecek Yerka

Nosso Alvorecer de Domingo




Alvoreceu e você
aqui deitada ao meu lado
os nossos corpos entrelaçados
o nosso amor sem igual
e apesar dessas dores
nos entregamos ao riso
pois ele sempre é preciso
para continuarmos
trilhando esse caminho
que tem até curva reta
que tem até reta torta
mas com você não importa
só quero continuar
esse caminho trilhar
essa sua boca beijar
e sentir sua alma em mim.

Jonas R. Sanches
Imagem: Vladimir Kush

Natal




Hoje é o dia do nascimento
da vida e da morte
da verdade e da mentira
da religião que dá e que tira
e se esquece do próprio fundamento
que é a ausência do lamento
que é a escassez da fome
que é conjurar o próprio nome
em Budha, em Krishina, em Cristo;
mas pelo que tenho visto
ainda existem dogmas
que impedem as almas
de se reencontrarem com o próprio ser...

Jonas R. Sanches

Sobre Relâmpagos, Ampulhetas e Curupiras




Grãos de vida escorrendo ampulhetas
desgastadas nos sóis d’outras galáxias
e um colibri de asas siderais voa domingos
pelas plúmbeas nuvens e trovoadas
no seio vermelho de um relampejar
que corisca nas páginas de um velho livro
contando histórias e parlendas de matagais
onde vivia outrora um casal de curupiras
onde o vento se tornava vendaval
e o bem apaixonado pelo mal
brincava de ciranda com cabeças de reis
que governaram n’outros tempos, outros ais...

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Meus Santíssimos Devaneios




Meus devaneios esdrúxulos
são orações aos Orixás
que guardam-me e curam
todas as mazelas de existir
e levam sob suas ondas
as impurezas para o mar
então eu saúdo a Grande Mãe
minha Sagrada Iemanjá
e das justiças da minha vida
eu clamo o amor de Pai Xangô
que com seu machado e sabedoria
quebra as demandas que alguém mandou;
sou eu aqui inda menino
engatinhando a minha fé
sou eu poeta em aprendizado
homenageando com carinho
os guardiões do meu caminho
Pai Oxóssi e Oxumaré
e quando à noite é lua cheia
vem Pai Ogum em seu Ginete
abençoar a minha lida
trazendo a vida sem permuta
tomando à frente em minha luta
e às vezes do céu vem tempestade
Mãe Iansã em tenra idade
clareia o céu relampejando
e eu aqui com minha pena
faço das letras meu emblema
durante o resto dos meus anos.

Jonas R. Sanches
Imagem: Superinteressante

Sobre as Benesses do Ano




Hoje é domingo derradeiro
e agradeço pelo ano inteiro
pois, o Senhor me abençoou
me trouxe paz e trouxe o amor

e desse amor veio a alegria
que há muito eu já não sentia,
agora de felicidade são meus dias
quando eu te vejo amanhecer

pois, tal qual sol você ilumina
minha labuta, a minha sina,
então eu sigo em poesia
então eu seguro em sua mão

e nossos caminhos que eram distantes
agora entrecruzados e enlaçados
nos versos serão eternizados
pois, o que eram dois agora é um...

Jonas R. Sanches
Imagem: Salvador Dalí

Eu Sou Eu Fui Eu Sou




Eu sou poeta
mas já fui escravo
da borboleta que bebeu o sol
eu sou caipira
mas já fui lamento
dos pirilampos loucos do arrebol
sou meio chucro
mas já fui o cravo
que em sua ira despedaçou a rosa
eu sou poema
mas já fui a tinta
que algum escriba escreveu na roda
eu sou melindre
mas já fui mendigo
naquela rua cheia de ladrilhos
eu sou insano
mas já fui profeta
apedrejado em sua bicicleta
já fui eu mesmo
mas ainda sou
e minhas letras são de puro amor
então eu mesmo sempre eu serei
não sou plebeu e muito menos rei.

Jonas R. Sanches
Imagem: David Lynch

domingo, 15 de setembro de 2019

Esperando Meu Amor Chegar




Domingo cedinho
e o sol nem raiou
vou passar um café
para o meu amor

que inda é distante
mas, os dias seguem
e o trará depressa
para eu lhe beijar

para eu lhe cuidar
então juntos trilharemos
nossa senda iluminada
olhando estrelas à madrugada

e eu tomarei a lua
para lhe presentear
e eu a tomarei em meus braços
para lhe afagar

e nossos gostos se misturarão
no cálice de vinho tinto
sentados à varanda
junto aos nossos cães

junto aos nossos guias
então sorrindo brindaremos
nossos laços e desejos
e adormeceremos um no outro.

Jonas R. Sanches
Imagem: Pixabay

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Canto aos Orixás




As minhas flores eu lancei ao mar
as minhas preces foram a Iemanjá
o meu barquinho a Santa Mãe levou
e eu lhe saudei... Odoya Iemanjá...

Pela justiça eu chamei por Xangô
o seu machado o feitiço quebrou
minha oração o seu coração levou
e eu lhe saudei... Kaô Kabiessillê...

Pra nossa cura clamei por Omolú
com seu remédio ele nos medicou
o meu pedido pra ele, ele levou
e eu lhe saudei... Atotoô...

Por tempestade eu ventei com Iansã
ela me trouxe seus raios e trovões
a minha alma na chuva se banhou
e eu lhe saudei... Epahey Oyá...

Depois da chuva veio Oxumaré
com arco-íris o céu iluminou
toda ordem cósmica então se restaurou
e eu lhe saudei... Arroboboi Oxumaré...

Então pra mata eu fui buscar Oxóssi
por sua flecha minh’alma procurou
meus inimigos então ele derrubou
e eu lhe saudei... Okê Arô...

Foi pela noite então que eu caminhei
olhando a lua Ogum eu encontrei
com sua lança ele me protegeu
e eu lhe saudei... Ogún Ieé...

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

De um Soneto que Passa com os Dias



Os dias vão passando tão devagar
e minha mente te procura à divagar
pelos horizontes distantes e infinitos
pelas parlendas antigas e seus mitos;

agora os dias vão passando depressa
e a minha mente à poesia regressa
voando alto, tal qual raro passarinho
e a inspiração outrora rara é como vinho

que embriaga a alma ruborizada
alma liberta adentrando a madrugada
buscando a luz interditada do cometa

buscando a flor extasiante d’outro planeta
mas, encontrando tão somente a saudade
da voz silenciosa que ecoa à eternidade.

Jonas R. Sanches
Imagem: Marcel Caram

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Minh’Alma e Tu’Alma



Minh’alma buscando a tua
iluminadas pelo clarão da lua
nossos olhares e a pele nua
ansiando pelo nosso amor
apertados no nosso abraço
fortalecendo nossos laços

e num beijo nossa união
tirando nossos pés do chão
e a poesia tal qual oração
canta o intenso da nossa paixão
canta a canção dos nossos sentimentos
e o teu olor trazido pelo vento

é de lavanda misto com jasmim
e nos meus sonhos você está em mim
e pra minha vida é meu grande desejo
de te sentir sem pudor e sem medos
sentados debaixo daquele arvoredo
onde confidenciamos nossos segredos.

Jonas R. Sanches
Imagem: Freepik

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Cantiga de Amor




Enquanto eu dormia você sonhava
enquanto você cantava eu amava
toda doçura contida na tua voz
e a canção era a que falava de nós,

enquanto você dormia eu sonhava
passava a fio te imaginando à madrugada
então eu cantava-lhe cantigas de ninar
e minha alma deslumbrava-se em te amar,

enquanto dormíamos anjos cantavam
uma cantiga bem antiga de amor
era a canção que falava das nossas vidas
e o refrão gritava à nossa paixão.

Jonas R. Sanches
Imagem: Remédios Varo Uranga

domingo, 18 de agosto de 2019

Nós Dois

Nós Dois




Já era noite e a distância era um açoite
pois, no abraço de desejo éramos nós
nos entregando um ao outro sem pudores
e as nossas dores já não existiam mais.

Já era noite e uma estrela em oração
riscou o céu só para nossos pedidos
nós dois feridos pela insana ansiedade
nós dois pedindo um ao outro à eternidade;

amanhecerá e o tempo sorrirá pra nós
e todo pranto transmutar-se-á em alegria
e, nossos dias serão nossos de verdade
enquanto num beijo adormeceremos a sós.

Jonas R. Sanches
Imagem: The Sacrament of the Last Supper - Salvador Dali

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Devaneios de uma Estrela Cadente




O coração em brasas
a poesia em frases
a alegoria em fases
aquele à com crase

aquela flor tardia
aquela cor vazia
e o voo do passarinho
poema em desalinho

um cálice de vinho
a árvore em burburinho
e a canção do tempo
cantada pelo vento

e à luz da encruzilhada
fazendo encantamentos
e talvez a luz do dia
um pouco de magia

conjurando os elementos
e às vezes o poeta
é o mistério do asceta
andando de bicicleta

nos ladrilhos da rua
esperando pela lua
prateada e toda nua
ou somente uma estrela cadente.

Jonas R. Sanches
Imagem: Christian Schloe

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Dos Quereres Perdidos


A imagem pode conter: velas e atividades ao ar livre

Queria um poema de alegria
mas o sol não raiou meu dia
a noite fez-se no âmago da alma
e internei-me à alcova fria

a sensação era a pura saudade
o coração de intensa tristeza
as dores eram as companheiras
o amor era o píncaro da distância

minha estação era o inverno
num trem que só eu era passageiro
os trilhos levavam ao final
incompreensível da recordação

mas, soprou um vento de esperança
e num instante tornei-me criança
e num instante tornei-me iniciado
caminhando pelas veredas cósmicas...

Jonas R. Sanches
Imagem: Marcel Caram

domingo, 23 de junho de 2019

Homem-Planta


A imagem pode conter: 1 pessoa, nuvem, céu e atividades ao ar livre

Quando fui planta
bebi o orvalho da manhã
e o sol desorvalhou minhas folhas

antes de pousar a borboleta
que foi casulo, foi crisálida
em meu caule foi transmutação

vida simples complicada
em plena transubstanciação
e o colibri apaixonado

deitou sua sede em meu pólen
voou suas cores no céu
que num ribombo trovoou;

caiu a chuva
gotículas celeste do firmamento
germinou as sementes espalhadas pelo vento

e eu, alma de natureza
e eu, coadjuvante da calmaria
que invadiu o coração

que despetalou o coração
da flor tolhida que foi colhida
e oferecida n’alguma oração...

Jonas R. Sanches
Imagem: Luther Burbank

sábado, 22 de junho de 2019

Corações Distantes


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas

Meu amor tão triste
derrama pranto e apaga o sol
nuvens escuras de um arrebol
que espera a cor do teu sorriso,

e no amanhecer o abrigo
em tua voz velutínea
que acalma minh’alma
que renova o destino,

eu tão velho e menino
conhecendo o amor
entre as farpas da dor
que eu sigo sentindo,

meu clamor peregrino
que te busca distante
que te quer em meus braços
entrelaçados no abraço,

entrelaçando-se às almas
e num beijo de carinho
como um sonho entalhado
dentro dos nossos corações.

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Feliz Aniversário Ju


A imagem pode conter: nuvem

F eito o sol é o seu olhar
E ntão me olhou e iluminou
L embrou-me do olor de mar
I merso eu no teu amor
Z anzando só pra te encontrar.

A ndei até você surgir
N aquela noite solitária
I nebriante a tua voz
V ociferando à minha alma
E ntão por ti me apaixonei
R aiou a luz no coração
S enti-me então perto de ti
A té poder compor-te à mão
R eal tal qual sua doçura
I ntencionei à alma tua
O meu presente tão singelo.

J uro que fiz com a intenção
U m poema pra alegrar teu coração...

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Amor que Conduz


A imagem pode conter: oceano, céu, nuvem, crepúsculo, natureza, atividades ao ar livre e água

O amor conduz a vida
por vias misteriosas
descritas em verso e prosa
feridas no espinho da rosa

e, o coração apaixonado
torna o espírito alado
e não importa a distância
importa o se apaixonar...

O amor conduz os dias
pelas misteriosas vias
descritas na prosa e no verso
pela imensidão do universo

e, o apaixonado coração
tira os pés do chão
faz do medo a pura razão
de que amar é a solução...

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Meus Erros


A imagem pode conter: 1 pessoa, barba e close-up

Em minha vida
eu vejo a morte
minha consorte
e o pensamento
só é lamento
dos meus pecados
e minha lágrima
é o pranto seco
pois eu mereço
pois, sempre erro;
não sou perfeito
sou só defeitos
perdendo a eira
mas, minha beira
é um cometa
para o inferno
e, o meu perdão
nem eu perdoou
engulo o choro
e se eu morro
é que mereço
pois, eu desfaleço
nas minhas promessas
mas, mesmo assim
eu vou seguindo
tão quase morto
e, absorto
naquilo que fiz errado...

Jonas R. Sanches

Quem Sabe o Último Poema


A imagem pode conter: nuvem, céu, atividades ao ar livre e natureza

Tentei amar, não consegui
tentei morrer e renasci
num universo bem complicado
mas sou de verso apaixonado
verso pra alguém que não me quer
poema insano pra uma mulher
que realmente eu me importo
mas, sou um menino em crescimento
e, meu lamento não tem valor
pois é nascido da minha dor
naqueles dias que não tem cor...
Mas, eu continuarei apaixonado
terei a morte andando ao lado
e partirei sem ninguém perceber...

Jonas R. Sanches
Imagem: Chema Madoz

Sobre a Solidão e Sobre as Folhas Secas de Outono


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas

O coração se partiu
a vontade se esvaiu
a vida perdeu o sentido
a poesia é só um alarido
a mente é turbulência
o desprezo deixou sequelas
queria dormir pra sempre
queria não ser mais eu
queria poder agradar
mas, sou de tristeza
mas, sou só isso mesmo
e só entristeço o amor
e só queria dormir pra sempre
e só queria morrer de novo
deitado nas folhas secas do outono
esquecido na campa
onde não posso te fazer sofrer
onde não posso te fazer chorar
onde não posso mais rezar
mas, ainda estou aqui
solitário e infeliz
mas, ainda sou eu mesmo
poeta inadequado...

Jonas R. Sanches

Fragmentos de Mim


A imagem pode conter: 1 pessoa, barba, close-up e área interna

Pensamentos imprecisos
coração partido
sentimentos incógnitos
poesia vazia

lágrimas incompreendidas
solidão incandescente
erros devastadores
medos infundados

verdades intrínsecas
desculpas sinceras
arrependimento poético
incertezas oblíquas

versos convexos
momento inerte
conexão perdida
morte renascida

poeta entristecido
flores incolores
vida vazia
final da melodia.

Jonas R. Sanches

Sobre as Dores Nostálgicas de um Amor


A imagem pode conter: céu, árvore, nuvem, atividades ao ar livre e natureza

E de repente a vida fez-se em branco e preto
o coração dolorido saltava-lhe ao peito
ela havia partido e na mente restava o alarido
da voz terna e doce que lhe fez apaixonar-se;

passaram dias e noites e a alma queria partir
no jardim as flores já murchavam despetaladas
o vento rasgava-lhe o espírito que era inerte
já não havia amor por nada, a vida era saudade;

passaram noites e dias e a morte rondava-lhe
o sorriso outrora límpido havia se extinguido
os motivos para a alegria já eram lembranças
foi quando um lampejo arrebatou-lhe à recordação...

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

domingo, 9 de junho de 2019

Sobre a Madrugada e as Margaridas no Amanhecer



Ainda o sol dormia
e no fogão de lenha
a chaleira apitava
anunciando à madrugada

e no terreiro prateado
o galo asseado anunciava
que a aurora pernoitava
no céu dum novo amanhecer

no abacateiro o sabiá
e o grilo inda cricrilava
última estrela inda brilhava
e, eu sonhava com você

numa manhã colhendo flores
e, as margaridas, suas preferidas
desorvalhariam com o amor
que mesmo longe é sempre junto

e, vai além do fim do mundo
e, é como o beijo do universo
apetecido nestes versos
que conspirou pra eu ter você....

Jonas R. Sanches
Imagem: Mike Martin

Soneto à Poesia

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e atividades ao ar livre


A poesia que deságua em mim
é rio de fogo que não tem fim
é nuvem em forma de jasmim
é a alma que desabrocha, enfim;

a poesia é a voz do coração
é quando a mente até perde o chão
é partitura d’alguma canção
é pensamento, alento e comichão...

Poesia é tempo na infinitude
é o contento insano e amiúde
que vem do céu como um cometa,

poesia é o meu eu implausível
é o sentimento imperceptível
que escorre livre da minha caneta.

Jonas R. Sanches
Imagem: Andrew Thomas Huang

Tão Longe e Tão Perto

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas

À distância é tão grande que fere
mas o amor também é e eu aguento
o meu corpo sofrendo ao relento
imaginando seu abraço em meu leito;

à distância amo e observo
não sou servo mas sou delinquente
outrora ou algures carente
do teu beijo tão doce e molhado;

à distância me põe ao teu lado
mesmo que o amor esteja longe
no meu peito o sentir palpitante
quando penso estar junto de ti...

Jonas R. Sanches
Imagem: René Magritte

Sentimento Profundo

A imagem pode conter: nuvem e céu


Eis que chega a noite
o coração um açoite
a poesia um remédio

viciante e entorpecedor
que me ameniza a dor
que me faz pensar em você

que amo e não tem mistério
pra esse sentimento profundo
e, quem sabe é o fim do mundo

e na espiritualidade é eu e você
sem dores ou mágoas
somente nós dois juntos

sorrindo do abraço verdadeiro
que afaga toda a tristeza
que meu coração insiste em sentir.

Jonas R. Sanches
Imagem Cyril Rolando

Meus Sentidos

A imagem pode conter: nuvem, céu e atividades ao ar livre


Os meus sentidos entorpeço em poesias
os meus sorrisos fazem parte de você
as minhas dores são professoras do caminho
que me ensinam a ser humano e a crescer;

nas minhas noites você é minha companhia
mesmo que esteja lá pra bem longe de mim
mas nos meus versos eu escrevo sentimentos
que são profundos e despertaram por ti...

Os meus sentidos te procuram loucamente
em minha mente você está a habitar
eu amanheço e te procuro insanamente
então te encontro na tela do celular

mas eu recordo da distância e me entristeço
pois o que eu quero é deitar no teu abraço
então eu sonho com você e eu renasço
só pra poder querer estar entre teus braços.

Jonas R. Sanches
Imagem: Apachennov

Reflexão Sobre os Propósitos da Solidão



Às vezes estar solitário não é estar sozinho
a solidão é um mergulho em nós mesmos
é a contemplação de um processo evolutivo
que é necessário para o nosso autoconhecimento;

quando esse processo se dá de forma voluntária
podemos ao nos conhecer ser agradáveis a nós mesmo
mas, sobretudo podemos ser uma boa companhia aos outros
então, conheça-te a fundo e dê o melhor de si a você mesmo e ao próximo.

Jonas R. Sanches
Desconheço o autor da imagem, se alguém souber ficarei grato em dar os créditos.

Reflexão Sobre o Eu


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas

Eu no espelho
superficial
eu além da visão
introspecção
eu além da vida
eternidade
eu além de mim
serenidade
e, são eus e mais eus
todos contidos em mim
buscando o equilíbrio
buscando a Luz Crística
e, mesmo sendo difícil
abandonar todos os vícios
ainda é eu, no espelho
ainda é eu, na reflexão
ainda é eu, no amor
ainda é eu, na dor
mas, principalmente eu poeta
tentando ser asceta
tentando ser bom
no fundo do meu templo coração.

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Dois Sóis Apaixonados

A imagem pode conter: céu, oceano, crepúsculo, nuvem, atividades ao ar livre, natureza e água


Dos sóis eu fui estrela e devaneio
que aqueceu de amor teu coração
da luz fui o mistério mais profundo
irradiando a tua vida com paixão;

dos sóis tu foi a estrela mais brilhante
que iluminou o meu caminho com amor
da luz foi o archote indispensável
que alegrou a minha vida e deu cor;

dos sóis fomos quasares e pulsares
desvendando os mistérios da criação
da luz fomos o brilho um do outro
nosso calor fundiu os nossos corações;

no céu fomos cometa ou um planeta
talvez até alguma constelação
aqui somos só dois apaixonados
que entrelaçados perdem o rumo da razão...

Jonas R. Sanches
Imagem: Oscar Brisolara

sábado, 6 de abril de 2019

Por Detrás da Morte e Por Detrás da Vida




O meu silêncio é acústico
é o reverberar rústico anímico
paradoxal reverso alquímico
de um poema que não tem final

de uma morte que não tem fim
e a vida é contínuo aprendizado
sem viés nem revés ou sorte
é o simples no ápice inexplicável

daquilo que rege o destino infinito
moldado a deuses e guerras infindas
remodelado n’algum poema esquecido
guardado em uma gaveta hermética

naquela escrivaninha inadequada
no canto da sala, no confim do universo
e resta apenas entender o verso
que rasgará os limites da existência.

Jonas R. Sanches
Imagem: Paxabay

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Sobre Sonhos




Meus sonhos inevitáveis
pela mente noite adentro
e o silêncio do sentimento
é sobre poemas inenarráveis
é sobre lembranças oriundas
é sobre a pitoresca madrugada
que segue a estrada calada
não há alguma pessoa amada
não há amargura, e sim candura
da lua que espreita o poeta
da estrela que caiu d’outra poesia
e brilhou solitária no céu da boca.

Jonas R. Sanches
Imagem: Zdzislaw Beksinski

Homenagem à Vitória




Hoje minha lágrima é da satisfação
lutas e tristezas me ensinaram meus valores
e as coisas foram sabidas com o tempo...
Vivo de sorrisos e superações
virei estrela que irradia luz e entendimento

a fé de inabalável foi ao alicerce
o imortal que era esperança é real...
Meu sol é teu sol e minha clareza
e quando é chuva, arco-íris de arrebol

mesmo que a vida seja dorida
sou aqui hoje pela força da lida
pois, sem quedas necessárias
nunca entenderia o que é estar de pé...

Jonas R. Sanches

Esquecimento




Esquecido pelo próprio esquecimento
largado num mundo ermo de lamentos
e, não há flores nem jardins, só espinhos
e, não há vento, só há ferrugem no cata-vento;

esquecido pelas linhas de algum livro
vai o menino pela estrada sem sapatos
e, não há cacos, mas os pés estão feridos
pelas farpas que da vida foi-lhe oferecido;

esquecido pelo amor e pelo tempo
o coração estilhaçou-se como cristal
e, não há bem, e sobretudo não há mal
o que há é somente o poema que esqueci de escrever...

Jonas R. Sanches
Imagem: Kay Sage

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Vento Frio da Carrapeta




Perdi o vento do planeta
vou pra próxima estação
olhando a luz gelada do cometa
pra congelar meu coração
vou eu dançar na carrapeta
e trazer água no sertão
senão eu volto co’a lambreta
atropelo até o capeta
se ele estiver na contramão
mas, eu um tanto tolo
o capiroto eu socorro

pra nos dias de pecados
até a ele eu recorro
mesmo descendo o pé do morro
mesmo até depois que morro
pois, de santo tenho nada
pois, no chão das madrugadas
com minhas pernas dobradas
eu rezo com a caneta
vez pra deus, vez pro capeta;
e a opinião alheia
na ampulheta é grão de areia...

Jonas R. Sanches
Imagem: TANGLV

segunda-feira, 25 de março de 2019

Esquina das Ampulhetas Solitárias




Meus devaneios são de brisas matinais
rodopiando tal qual peão em Via-Láctea
ou zumbizando esse zumbido a zumbizar
imaginando o vaivém das ondas do mar

que molha os pés e entorpece os sentidos
e o que fica é um grunhido e um estalido
coisas da mente intermitentes a tramitar
o paradoxo do eu complexo a decifrar...

E na esquina do tempo uma solitária ampulheta...

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 22 de março de 2019

Canto Noturno



Canto o canto da noite
a solidão é a partitura da poesia
curiangos e pensamentos entrelaçados
o luar de esmola aos pecados
o poeta fúnebre esmiuçado
pelo momento silencioso
e a noite é uma brisa fresca
e o momento é a sensação...

Jonas R. Sanches

Sobre as Flores e as Dores e as Borboletas




As minhas flores desleais
inventam cores irreais
e as borboletas sem iguais
com suas danças abissais
bebem nuances e matagais.

As minhas dores infernais
são só horrores, nada mais
e os analgésicos são iguais
eles já não funcionam, mas
eu tenho as flores e as borboletas...

Jonas R. Sanches
Imagem: Rahul Sharma

Não Sei se é Sobre Saudade ou Alegria




A lida dura entristecida
o ser caído no esquecimento
pra sede a água ele precisa
pra fome o pão como alimento
e, no espírito desdobramento
e, no pensamento o compromisso

pássaros cantam em sigilo
grilos cricrilam sobre meus grilos
e, a estrada reta é tortuosa
a voz calada inventa a prosa
no roseiral escassas as rosas
no vendaval um besourinho

no coração a saudade do ninho
na nostalgia o bucolismo do amor
na realidade o flagelo da dor
e a ansiedade d’alguma cura
e a imensidade d’algum poema
à luz de archote, nanquim e pena.

Jonas R. Sanches
Imagem Leah Lewis

segunda-feira, 4 de março de 2019

Evolução




Os dias vão passando,
as noites vão-se indo,
a vida que é tão curta
se estende à eternidade
e a alma não tem idade
e o fardo que é pesado
é algures aprendizado
pra evoluir a humanidade.

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Domingo de Março




Domingo cedinho
café quentinho
bolo de fubá
canto de passarinho
cachorro latindo
água da moringa
engenho de pinga
paiero em brasa
jardim de casa
flor e borboleta
seresta e poeta
caneta e caderneta.

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Canarinho




Canarinho amarelinho
refletindo a natureza
seu trinado mavioso
reflete sua beleza
alegrando essa manhã
que já é segunda-feira.

Jonas R. Sanches

sexta-feira, 1 de março de 2019

Terra de Poeta e Passarinhos




Na jabuticabeira
tem sanhaço e cambacica,
maritaca e periquito,
bem-te-vi e sabiá;
tem o canto do fim-fim
tem a pêga maviosa
um trinar que não tem fim...

Na goiabeira
tem irré e tem suíra,
tiê-sangue e tico-tico,
coleirinha e bigodinho;
tem o canto do ferreirinho
que parece um reloginho
sem parar de despertar...

A minha terra
tem a cor do passarinho
tem piado e burburinho
juriti aqui faz ninho
fogo-apagou é desalinho
tem canto de canarinho
e carcará a espreitar...

A minha terra
guarda o meu coração
me fornece inspiração
faz a mente até voar,
então eu voo
com as asas de poeta
deixando o pensamento divagar...

Jonas R. Sanches
Imagem: Aralcal

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Natureza Desapercebida




Das plúmbeas nuvens, chuva
amanhecendo no jardim
revigorando a terra ressequida
reavivando a alva margarida
e o colibri banha-se esvoaçante
colorindo o olhar do transeunte
que passa balançando um guarda-chuva
e a rua barulhenta divide o mundo
e o coração se cala tal qual observador
já não há dor, já não há o amor
somente um silêncio esbravejador
que retumba junto ao ressoar do trovão;
há pétalas espalhadas pelo chão
há cores entre os passos apressados
que não se apercebem da beleza real...

Jonas R. Sanches
Imagem: Google