sábado, 6 de abril de 2019

Por Detrás da Morte e Por Detrás da Vida




O meu silêncio é acústico
é o reverberar rústico anímico
paradoxal reverso alquímico
de um poema que não tem final

de uma morte que não tem fim
e a vida é contínuo aprendizado
sem viés nem revés ou sorte
é o simples no ápice inexplicável

daquilo que rege o destino infinito
moldado a deuses e guerras infindas
remodelado n’algum poema esquecido
guardado em uma gaveta hermética

naquela escrivaninha inadequada
no canto da sala, no confim do universo
e resta apenas entender o verso
que rasgará os limites da existência.

Jonas R. Sanches
Imagem: Paxabay

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Sobre Sonhos




Meus sonhos inevitáveis
pela mente noite adentro
e o silêncio do sentimento
é sobre poemas inenarráveis
é sobre lembranças oriundas
é sobre a pitoresca madrugada
que segue a estrada calada
não há alguma pessoa amada
não há amargura, e sim candura
da lua que espreita o poeta
da estrela que caiu d’outra poesia
e brilhou solitária no céu da boca.

Jonas R. Sanches
Imagem: Zdzislaw Beksinski

Homenagem à Vitória




Hoje minha lágrima é da satisfação
lutas e tristezas me ensinaram meus valores
e as coisas foram sabidas com o tempo...
Vivo de sorrisos e superações
virei estrela que irradia luz e entendimento

a fé de inabalável foi ao alicerce
o imortal que era esperança é real...
Meu sol é teu sol e minha clareza
e quando é chuva, arco-íris de arrebol

mesmo que a vida seja dorida
sou aqui hoje pela força da lida
pois, sem quedas necessárias
nunca entenderia o que é estar de pé...

Jonas R. Sanches

Esquecimento




Esquecido pelo próprio esquecimento
largado num mundo ermo de lamentos
e, não há flores nem jardins, só espinhos
e, não há vento, só há ferrugem no cata-vento;

esquecido pelas linhas de algum livro
vai o menino pela estrada sem sapatos
e, não há cacos, mas os pés estão feridos
pelas farpas que da vida foi-lhe oferecido;

esquecido pelo amor e pelo tempo
o coração estilhaçou-se como cristal
e, não há bem, e sobretudo não há mal
o que há é somente o poema que esqueci de escrever...

Jonas R. Sanches
Imagem: Kay Sage

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Vento Frio da Carrapeta




Perdi o vento do planeta
vou pra próxima estação
olhando a luz gelada do cometa
pra congelar meu coração
vou eu dançar na carrapeta
e trazer água no sertão
senão eu volto co’a lambreta
atropelo até o capeta
se ele estiver na contramão
mas, eu um tanto tolo
o capiroto eu socorro

pra nos dias de pecados
até a ele eu recorro
mesmo descendo o pé do morro
mesmo até depois que morro
pois, de santo tenho nada
pois, no chão das madrugadas
com minhas pernas dobradas
eu rezo com a caneta
vez pra deus, vez pro capeta;
e a opinião alheia
na ampulheta é grão de areia...

Jonas R. Sanches
Imagem: TANGLV