Não vejo mais o olhar dos anjos
pois se ocultaram entre as luzes
e declamaram poesias radiantes
sobre os homens que foram antes.
Não vejo mais o olhar no espelho
pois do reflexo um lapso de um portal
tão mágico que predomina sobre o mal
que na minha utopia extinguiu-se.
Não vejo mais o medo no seu olhar
pois assim tingiu-se seus mirares
bem mais singelo que o amor dos mares
que encantaram navegantes por vidas.
Agora é tarde e a escuridão furtou olhares
e o que restou foi algum vulto bruxuleante
rondando a lamparina tal qual mariposa
assustando sentimentos pela madrugada;
e o que se vê e além do nada, alma versificada,
consciência alada por sobre nuvens, firmamentos
predominantes, e do sopro o contento
de um feitiço antigo invocando a proteção.
Não vejo mais o olhar das letras espalhadas
vagando pelos anseios entremeio aos devaneios
buscando a coerência por entre as quadras
almejando o poema perfeito, à paixão escancarada.
E no amanhecer os olhos renascem e veem
todos os astros entre alabastros estremecerem
diante a fresta atemporal nesse horizonte
que de tão perto, torna-se incerto, torna-se distante.
Jonas
Rogerio Sanches
Imagem: Google
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