Sou como acorde que vaga no espaço
fazendo vibrar as notas do compasso
da música da vida, da música da morte;
eu vou além do azar e vou além da sorte.
Sou um poeta matutino acordando com as flores,
se misturando a essa seiva me tornando cores,
então me despeço e regresso aos jardins
tão acústicos e esdrúxulos, perto do fim.
Sou como a corda no pescoço do enforcado
que não escapa a vida, sofrimento continuado;
sou cão alado, latindo parábolas siderais
pelas desilusões e nada ou algo mais.
Agora eu sou somente a tinta da caneta
entremeio as caretas no espelho convexo
tentando encontrar nexo nessa caminhada
que não tem parada, vai da noite até a madrugada.
Sou como o acorde que vaga no espaço
de um segundo, de um minuto, de eternidade;
sou inascido, não tenho idade, fico a vontade
sem rédeas, sem nacionalidade... Racionalidade.
Sou como a estrofe final da poesia e o fim do dia
que agiganta os sentimentos gritados aos ventos
que bocejam na face cansada e pálida do mundo;
sou somente eu, nem mais raso, nem mais profundo.
Jonas
Rogerio Sanches
Imagem: Google
Olá,Jonas
ResponderExcluirGostei muito do título! Mais vale SER, do que TER.Costuma dizer-se que o título é um micro texto.
Vou tentar analisar;é «um acorde» e,com ele,faz antíteses;é «um poeta matutino» que faz personificações;é «como a corda» e faz comparações;é «cão alado» e faz hipérboles;é «tinta da caneta» que faz o poema;agora é racional e,assim se define.
Quisera eu ser capaz de construir versos parecidos! Muitos parabéns.
Bom fim de semana
Um abraço da
Beatriz
Blog - Vida e Pensamentos
http://pegadasdeanjo.blogspot.com
Boa tarde Beatriz...
ResponderExcluirFeliz por sempre encontrar sempre seus comentários por aqui, muito grato pelo seu apreço.
Grande abraço e um final de semana iluminado!
Att.
Jonas R. Sanches