Gotejando na minha janela
vem ela sorrateira
apagando a poeira
dos dias áridos em terra estrangeira.
Vem doce, vem calma e serena
beijar o jardim da açucena,
respingar um luar poesia
que invade e engole o dia.
Chuvisco arisco julhino
trazendo recordações de menino
levado e sapeca com as letras
deixando pra trás o amor à caneta.
Vestígios úmidos alquebrados
no vaso ao fugaz parapeito
que são flores no leito;
ciprestes do meu caminhar.
E as gotas martelando o ritmo
que é cadenciado, é alado
como minh’alma tão plena e liberta
entrecortando o azul firmamento;
e o sopro do tempo é tão lento
e o vento silvando é canção
remetida aos auspícios do coração
que bate e rebate o algoz da paixão.
Gotejando na minha janela vem ela
de saia rodada e passos tranquilos,
menina da chuva de pele macia
que rasga o inverno e a melancolia
e frisa um olhar delinquente
que é quente e arrebata o querer
dos braços, dos beijos e abraços
na porta do quarto do amanhecer.
Jonas
Rogerio Sanches
Imagem: Google
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