A madrugada se despedia no
horizonte, e lá vinha ele novamente, Jacaurélio já acenava lá de longe e a
criançada reunida na embaúba, estava ali fizesse sol ou fizesse chuva e
Jacaurélio sempre chegava contente com seu sorriso espesso de pluridente, para
contar o seu causo diário, que tirou de junto à sua cartola no armário de
pensamentos antigos e recordações que retumbavam dentro dos corações, de
Jacaurélio e daqueles que o escutavam.
Foi se achegando e a criançada
cumprimentando:
- Olá, bom dia, como estão? Já
preparados? – E a criançada em um grito junto entoado:
- Estamos sim, esperando uma nova
história. – E Jacaurélio sem enrolo, e sem demora, foi logo desbravando suas
memórias e começou contar a nova narrativa:
- Ouçam crianças, essa é outra
história da minha vida, essa eu vivi no velho oeste americano, junto comigo
estava o Jacarlão I, o pioneiro da construção das ferrovias, que foi o ponto da
história daqueles dias, dias sinistros onde a lei não vigorava, e tudo era resolvido
no duelo, mas quem diria, no gatilho eu era belo, minha rapidez era de dez
homens atirando juntos.
E Jacaurélio fez-se em pausa e
foi lembrando para poder com mil detalhes ir contando e, a criançada olhavam
todas curiosas e duvidosas, então ele continuou a prosa:
- Naqueles tempos ouve a corrida
do ouro e Jacarlão encontrou o ouro de tolo que o levou rapidamente a ruína,
mas eu como um bom trapaceiro, vendi a mina por um bom bocado de dinheiro,
então foi quando começou nossa perseguida, pois o bando do Zé Coiote só queria
era dar cabo as nossas valiosas vidas; mas, nós fugimos com destreza deles
todos, até que então encontramos ouro de verdade, o que nos tirou da nossa
calamidade e devolveu-nos até certo tanto de respeito.
Em seu olhar distante Jacaurélio
divagava, até que veio uma pergunta desconfiada de Jacarlinho que era um bocado
curioso:
- Como é que depois de terem
encontrado ouro, vocês vivem hoje em um pântano lodoso? – E Jacaurélio que era
esperto que é o diabo, foi respondendo e continuando a história, que vivamente
ia surgindo na memória, tão viva que ele se sentia ainda lá.
- Achamos ouro, mas, junto dele
vieram os inimigos que duelaram sem ter sucesso com meu gatilho, mas houve um
dia em que nada deu mais certo; em uma aposta o meu filho Jacarlão, perdeu o
nosso pedaço de chão e foi então que a sorte nos deu as costas, mas, no oeste
tivemos muitas aventuras que contarei a vocês outro dia, pois hoje já se vai à
luz do dia e eu vou junto dela para minha taboca.
E empunhando sua bengala foi
partindo, com sua cartola e seu terno de linho, mas em sua mente reviravolteava
muita lembrança daqueles tempos de fartura e de bonança que infelizmente já
ficaram bem lá para trás.
Jonas
R. Sanches
Imagem: Google
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