Quando eu me pego
em poesia ou solilóquio
viro rima ou colóquio,
eu viro pássaro a voar;
voo rasante então
por píncaros distantes
minha vertigem obstante
traz-me de volta à beira-mar.
Quando eu me pego
em poesia e solidão
viro lágrima no chão,
eu viro rio de corredeira;
então eu corro
por entre pedras pontiagudas
afogo as mágoas e faço a curva,
eu mato a sede do alazão.
Quando me pego
algures pensando nela,
tempos de outrora
quando a vida era bela;
eu vislumbro o seu retrato
sinto seu cheiro, tento seu tato
mas, à distância o sentimento desconfia
e eu calado todavia vejo essa roda que gira.
Jonas
R. Sanches
Imagem: Gruber
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