Meus eus heteronímicos
quase me fazem esquizofrênico
pois, um me fala de polígrafos
e o outro dita-me epítetos.
Meus eus heteronímicos
quase me fazem arquiteto
pois, na manhã são versos rítmicos
e na tarde são versos lentos.
Meus eus heteronímicos
às vezes causam-me amargura
pois, um me lembra dos amores
e o outro fala-me da cor impura.
Meus eus heteronímicos
são conselheiros infalíveis
pois, um me impele à fantasia
e o outro imagina mundos incríveis.
Meus eus heteronímicos
são guardiões dos meus segredos
pois, um faz metáforas nas poesias
e o outro os esconde pelos sonetos.
Meus eus heteronímicos
fazem minha face de mil sóis
pra encantar o fulgir da aurora
e divinizar a morte nos arrebóis.
Imagem: Antoni Tàpies
Nenhum comentário:
Postar um comentário