Havia alguns dias que Matarú tinha se embrenhado pela floresta densa, seu
objetivo era usar da magia de seus antepassados para salvar a sua amada que
definhava na oca em sua aldeia.
Matarú era filho do chefe da aldeia, um grande feiticeiro e curandeiro que era
temido e respeitado pelos seus feitos incompreendidos pelo resto da tribo,
herdou do pai os ensinamentos místicos e medicinais que tinham sido passados de
boca em boca pela linhagem de sua família.
Ele carregava consigo alguns artefatos mágicos e trazia amarrado em suas costas
o pequeno filho do chefe da tribo rival, que havia raptado e iria sacrificar em
oferenda aos seus deuses sanguinários em troca da recuperação de Amana, sua
amada.
Era ainda madrugada quando avistou uma luz, seus olhos vítreos miraram aquela
fresta e seus passos apertaram, nas mãos ainda o cheiro fresco do sangue e na
mente as quimeras de uma insensatez.
Quando alcançou a estrada batida os primeiros raios solares despontavam no
horizonte, na mente ainda flashes de um ritual, no alforje o coração da criança
ainda parecia bater e no peito uma sensação de missão cumprida.
Se dirigiu depressa para sua aldeia para ver se a saúde de sua amada havia se
restabelecido e ao se aproximar e olhar a cena a sua frente suas pernas
tremeram e ele caiu de joelhos e um grito que estremeceu a floresta saiu de sua
garganta.
A tribo rival havia atacado seu povo e não restou mais nada, estavam todos
desde as crianças até o mais velho, enfileirados, decapitados e com seus
corações espetados em estacas.
Jonas R. Sanches
Imagem: Google
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