É tarde e já é tarde
em um tempo inexistente
da noite alhures negra
como a rosa da morte;
que é formidável
quando regada a sangue
ou apenas um sorriso
desse continuísmo.
É tarde e a poesia segue
pelos recônditos das linhas
deixando às entrelinhas
uma pétala seca;
de sede e de solo ríspido
por onde os passos são cansados
dessa quase verdade
irrelevante, ensandecida.
É tarde e já é muito tarde
quase a noite densa plúmbea
que se revela nevoenta
e esconde as flores no outono;
e algumas vezes amanhece
e faz renascer as estações
pelos versos vividos intensos,
insanos, com pluralidades irreais.
Já é muito tarde então se foi
deixando um rastro amor perpétuo
no chão azul de estrelas róseas
em pirilampos e firmamentos;
e nos jardins sementes áureas
jorram o extraordinário
pelos rios que fluem retendo
as margens dessa folha rasgada.
Jonas
Rogerio Sanches
Imagem: Google
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