A aurora inda não despontou,
na janela nenhum pássaro cantou,
apenas grilos azucrinam sem param
querendo o verso doce a estridular.
A madrugada lentamente vai partindo,
última estrela se apagou e adormeceu,
ouço o gorjeio primeiro da juriti
e o sabiá canta primevo no pé de caqui.
Lá vem o sol com seu calor vibrante
e as garças passam em um bando a revoar,
papa-capim e cambacicas a tilintar
e as maritacas em grupo a gracejar.
Lá vem depressa em sua graça o beija-flor,
tem pássaro-preto e tico-tico do café,
tem pardaizinhos acordando no beiral
e os melros cantam em harmonia sem igual.
Na flor o orvalho é bebido pelo tiziu,
e as borboletas multicores são um festejo,
abelham zumbem na flor da jabuticabeira,
aranhas tecem suas teias na roseira.
Essa é a alvorada bucólica do meu sertão
embelezando, causando espanto no coração,
esse é o equilíbrio tão perfeito da natureza
que revigora a nossa alma com sua beleza.
Jonas
R. Sanches
Imagem: Yasunari Kawabata
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