Lá vinha ele pela estrada,
despontando a madrugada, mas, hoje tinha um ar diferente, seu semblante estava
contente, e sabe qual o motivo, Jacaurélio iria aventurar-se com seu amigo, que
também era um barato, seu nome era Feldispato e era amigo das antigas, dos tempos
das brilhantinas quando os dois dançavam rock nos bailes com as meninas.
Mas hoje é dia especial, pois
haviam ganhado do Sr. Besouro um certo mapa do tesouro que mostrava onde ficava
a Fábrica de Borboletas.
Encontraram-se os dois amigos
embaixo da embaúba, lá também estavam a Zuleide Tartaruga e as crianças
costumeiras, esperaram mais um pouco e chegou o Porco Roco dirigindo a
Jardineira.
Agora a turma estava completa e a
alegria era repleta nos rostos de todos eles, se achegaram no transporte e
contando com a sorte, partiram para a aventura, o caminho era bem longo então
eles partiram logo em direção a Pedra da Lua.
Seguiu então pela estrada a jardineira,
seguiu depressa pelos vales, pelos campos... Acompanhavam-nos os passarinhos em
cantoria enquanto a madrugada ia dando lugar ao dia. Já viam ao céu um sol a
pino escaldante e no horizonte a silhueta da Pedra da Lua com sua fronte
banhada por esbelta cachoeira e uma encosta branca e brilhosa de face nua.
Ali desceram e caminharam por um
bocado, a passos largos em sua busca pelo fantástico, foi então que avistaram uma estrada oculta que se embrenhava por entre a mata cercada por
murtas, seguiram nela como era indicado no mapa e repararam que alguém os
olhavam por entre as folhas, eram os seres que ali viviam eternos em guarda,
protegendo a fábrica dos curiosos desbravadores, mas Jacaurélio tinha a estima
dos habitantes da floresta e logo foram recebidos com festa e para o
portão da tão sonhada fábrica foram guiados por seres pequeninos, mitológicos e
alados.
Quando avistaram ficaram todos
maravilhados, bestificados com as luzes de mil arco-íris que surgiam dos lagos
inertes que as flores banhavam e enfeitavam desde o nadir até o zênite.
Ficaram pasmos quando se
abriu o portão, quando avistaram o muito além da imaginação, era tão belo, era
singelo e formidável a natureza que se apresentou ainda intata, caminharam
todos calados e extasiados pelo caminho que adentrava aquele segredo, por
todos os lados tinham jardins de todas as cores e uma abóboda que os cercavam transparente e
imponente.
Todos calados olhavam atentos e
minuciosos, por todo canto viam encantos harmoniosos então chegaram em um batel
igual a um porto e ali ficaram ainda mais absortos; na frente deles um
rio tão belo se apresentou, todas as cores dos arco-íris ali desaguavam e
carregaram todos os visitantes em um barco à vela até os confins das águas de
tonalidades amarelas, ali se juntavam no tronco frondoso de um charão muitas
lagartas que seguiam em fila pelo chão e lá nas copas casulos belos cor de
limão se transformavam em lindas borboletas pavão.
Foram seguindo sempre em silêncio
dentro da barca então chegaram ao berço das borboletas monarcas que
surgiam de lagartas laranja em metamorfose nas copas de uma imensa peroba rosa,
um pouco adiante avistaram um alfeneiro gigante e entre suas folhas nasciam
heliconius sara apseudes com suas asas bordadas de azul brilhante em forma de
orelhas de elefante.
Seguiram todos em seu passeio
lindo e fantástico e em todas as árvores o que viam era tão mágico, era de
longe a visão mais bela do planeta, era a Fantástica Fábrica de Borboletas.
Jonas
R. Sanches
Imagem: Salvador Dali
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