E quando o dia partiu
ficou a mancha no horizonte
despertando nostalgias,
pintura esbelta de cores
então, foi silêncio e crepúsculo
e o firmamento escureceu,
azul marinho veludíneo
que de estrelas se preencheu.
E quando o dia partiu
esvoaçaram pássaros noturnos
quando soou o pio da coruja
que despertou grilos mandrujas
roubando a noite com criquilos
e o curiango de olhar soturno
com seus hábitos diuturnos
fez serenata com o urutau.
E quando o dia partiu
no céu a lua fez-se cheia,
no rio cantaram as sereias
e o marinheiro naufragou
e a água que o engoliu revolto
refletia olhares absortos
dos moços que viraram botos,
das lendas que a vovó contou.
E quando o dia partiu
despertou o poeta cancioneiro
dedilhando seu verso mateiro,
percorrendo as vagas do sertão
por onde a cantiga foi consolo
e um pirilampo alumiento
trazido pela lufada do vento
seu coração iluminou.
Jonas
R. Sanches
Imagem: Ben Canales
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