Me persegues
e eu não sei se és
a dúvida, que segue
no ritmo incessante
dos passos da humanidade
e não vou cantar na ravina,
o frio na manhã tem gosto
de sangue fresco, derramado
pelos santos e mártires de outrora
pelas mãos dos carrascos da ignorância
ou nas fogueiras insanas da inquisição.
Me persegues
e eu não sei se és
o caminho, que segue
por entre as montanhas
onde a letra repousa a solidão
e a saudade às vezes é algo mais
que a dor física, fisicamente tísico,
e o corpo que vive agora é a candeia
que alumia a verdade que inda não sei
e desconheço-me diante do espelho raso
que acolhe a insanidade da vil explicação.
Me persegues e o sonho agora animalizou-se
nos sentidos aguçados que afloram pela pele
descascada e enrugada que engole minha alma,
solidificando e materializando o poema matinal.
Jonas
R. Sanches
Imagem: Google
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