quinta-feira, 7 de março de 2013

Tímpanos Sangrentos

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É quando meus tímpanos sucumbem
ao rugidos mudos desse trovão colosso
que vigia os relâmpagos do seu olhar
tão distante como a chuva que se foi

e não retornou e não me amou
mas, vigiou as catacumbas de Paris
naquela noite sem luar e sem cometas
somente um grito no beco amanhecido.

É quando meus tímpanos ensurdecem
ao rugido do leão alado e decepado
que já não pode pousar nos jardins
desse éden mortífero do âmago mim

que vocifera entre as esferas esquecidas
roubando mortes e bebendo vinhos de vidas
no caule pútrido da árvore insana da maçã
que eu morderei sob o pecado de amanhã.

É quando meus tímpanos ríspidos enegrecem
e se desfazem nus em decomposição
quando olvidam a música do seu coração
que chora amargo o gosto ranço da paixão

que fere a alma e desalinha meu olhar
que vê futuros e olha os muros de Zanzibar
onde minh’alma andando em círculos se perdeu
e agora o que encontro já não é você e nem sou eu.

É quando meus tímpanos sangram e singram
nas rotas do som das mortíferas explosões
que avassalam as vertentes dos sentimentos
e tornam gélidos os quereres da minha gente

que muda e pasma só observa minha poesia
que nasce órfã quando adormeço nesse dilúculo
que aguarda o sol que de antemão raia esse dia
que interminável me direciona pelas imagéticas vias.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

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