Viúvas negras tecendo em fios diamante
E a surdez do mundo não enxerga as raízes
Somente as vespas mortas em casa de marimbondo
E todos os pequenos esvoaçados viram o jantar aracnídeo
Sapos e lagartos em jardins de todas as fomes
Saltitantes vultos semicerrados que assustam os sinais
Entre os semáforos insetívoros desse apetite insaciável
E os estômagos anfíbios já não doem e brilham de labor
E também gafanhotos... Cigarras e esfaimados tracajás
Bebem essa lagoa desesperada de sonhos absurdos
Onde os pássaros noturnos olham com vitrificantes olhos
E as plantações cedem lugar a um mastigar um tanto quanto
devorador
Entre todas as cores um pequenino camaleão furtado
Esticador de língua caçadora e apavorante... Mal de
gafanhotos
Cores que logram sapos e lagartos na noite desse bacanal
E a viúva negra casa-se mais uma vez para se alimentar
Bacanal noturno entre a surdina de um urutau
Sóbrio em bafo de pássaro velho espera paciente
Todas as vespas alucinadas e fugitivas dessa noite festiva
E num piado surdo segue a festa por entre as frestas desse
frenesi
Como dois faróis uma coruja que sabe tudo assiste atenta
E ao léu crepitam pirilampos e mariposas desvairadas
Farto cardápio aos olhos de um cego e torto bardo
Cantando as dores do amanhã e trinando corações lunares
E o amanhecer cala o sol em brumas
Toda a corja se recolhe em folhas matinais
O fungo acorda e dá brilho aos orvalhos comestíveis
Enquanto joaninhas e besouros esverdeados seguem seu
espreguiçar
Agora o canto noturno da floresta microscópica cessou
E o sapo dorme estrebuchado em vitórias régias
Já não se ouve os agudos dos grilos em marca passo
Somente um raio solar entre o farfalhar das árvores cintila
o meu olhar
Jonas
Rogerio Sanches
Imagem: Google
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