Morrendo aos poucos,
aos outros,
aos gemidos escarnecidos;
afogado em fuligem de um crematório.
Morrendo todos os sonhos,
os reais e os irreais,
o agonizante último respirar;
colhendo as cinzas de um cão atropelado.
Morrendo as flores,
as camélias gritam;
e as mulheres choram,
as mortes das guerras;
a morte das eras;
o derrocado imo meu,
e os filhos não nascidos.
Morrendo aos poucos,
eu e os outros,
o pássaro velho e tardio,
na torre abandonada do mundo;
nas réplicas de uma borboleta,
ou apenas em um sono profundo;
onde o acordar amplia os sentidos.
Morre o tempo, e as estrelas, e os velhos, e os novos;
morre a esperança junto aos corpos espalhados nos campos de
batalha,
e o que resta são, histórias... Versificadas ou em prosa.
E o poeta nunca adormece, vigia os cadafalsos e os
recônditos sombrios,
pluralizando os mundos e as nuances mortificantes de
viver...
Jonas
Rogerio Sanches
Imagem: Google
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