Da noite o verso que vaza cristalino
frente ao inverso, parlenda de menino
e nos ouvidos histórias e folclores
se redimindo nas barbas de um lobisomem.
Da noite escassa um tom de solidão
presa entre os dentes do mundo ou de um cão
rosnando vítreo o olhar parnasiano
enquanto a vida resguarda os seus anos.
Do sonho um sol fritante em boemia
já conturbado se é noite ou se é dia
pois, sem estrelas no olhar triste e confuso
é derradeira a voz em tom escuso.
Do sonho a lua frisando o prateado
e nos escombros do corpo um ser alado
rangendo os dentes fulgentes do pecado,
anjo caído preso na encruzilhada.
Da noite o verso confuso interiorado
pelos espelhos da fronte tão confusa
que em poesia descrita e tão difusa
naquela verve que esperando então morria.
Da noite a estrela cadente e solitária
esperando aquelas quadras ordinárias
que a mão poeta reescreve com destreza
surtindo um sopro no ventre da natureza.
Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google
Nenhum comentário:
Postar um comentário