Dou tempo ao tempo
e fico sem tempo de sobreviver
na esquina do inverno
por onde consterno querendo viver.
Dou asas as rosas
singelas em prosas
em cores e gostos prescritos
na bula de um jardim convicto.
Dou flores as damas
mas já não visito as suas camas
nem a grama dos canteiros do Éden
onde foram batizados os animais.
Dou corda ao enforcado
e fico ao seu lado
como um coveiro alado
com olhos de corvos famintos;
e é até sucinto o que sinto
olhando nos olhos da morte
que é pálida, que é sorte;
e um pio no escuro é o presságio.
Dou cinzas ao vento
dos ossos do tempo
queimados e vividos ao relento,
e eu gosto, e eu me lembro e relembro
da noite em fogueira infernal
e o frio era o vinho carnal
degustado em paladar frustrado
das bocas que falavam madrugadas.
Dou bom dia ao ancião transeunte
e seu olhar retribui
então eu retorno ao mundo
e o que encontro é um ser moribundo
cansado frente ao seu eu no espelho
e nas lágrimas olhos vermelhos
por onde escorrem versos,
por onde escorrem sonhos.
Jonas
Rogerio Sanches
Imagem: Google
Muito linda,Jonas! abraços,chica
ResponderExcluir