Passam os dias e os anos ficam retidos
em calendários com datas antigas
e em garrafas de uísque envelhecidos
em odres de madeiras de caixões baratos.
Passam as vidas e os transeuntes ficam
a olhar os cenários das suas querências
com algumas cachaças como penitência
nesse sol que escalda a alma do arrependido.
Mas não foram nas vielas que eles dormiram;
eles bailaram todas as prostitutas mortas
e deitaram em suas camas esbaforidos de álcool
tentando rejuvenescer seus tolos sonhos.
Eu olhei tudo pela veneziana embaçada do bar
e numa taça de vinho seco eu vi o futuro esvair-se
luas e sóis passavam e gravavam eras em ampulhetas
e existiu um ultimo eco que retumbou o mundo.
Eu olhei calado e aqueles seres alados engoliam almas
e vomitavam nos pastos secos todos os seus pecados
tentei me esconder mas era um dia sem perdões
então barganhei a liberdade com alguns sacrifícios.
E foi a ultima penitência que se ouviu falar
e, as noites agora eram pura fantasmagoria
e, eu anotei tudo nos ossos que caiam com a chuva
e vendi meus livros para os leitores do purgatório.
Agora restou um gole derradeiro da garrafa azulada
e meu sangue ferve entre espasmos e eufemismos;
já não há mais transeuntes pelos becos e pelas bocas
restou somente um suave vento sussurrando a paz.
Jonas
Rogerio Sanches
Imagem: Google
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