segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Pobre Diabo Desnutrido

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Epilepsias antigas e contorcidas
no rosto magro daquele defunto
antes mesmo de ser um presunto
morto-vivo vestido de peles.

E suas cantigas antigas repelem
com seu cheiro ocre que mata
com sua barba cheia de baratas
pobre cão que morreu mas ficou.

Isso é o que restou e deixou
os seus poros entupirem de cravos
sua cama era em um lavabo
seu sorriso era continental.

Nada mal, pra um diabo de mais de mil anos
contorcido pela aridez do inferno
onde faz uns sessenta graus no inverno
e o churrasco é o próprio coração.

Ai não, eu conheço esse velho zureta
já o tive em minha camiseta
com caniço, trompete e ampulheta
e um grito de voz de trovão.

Esse tal tão temido coitado
esquecido pelo homem surrado
já faz tempo está desempregado
e seu pé sujo de meia anda ameaçado.

Pois a luz vem em rebento no mundo
e trás a paz do seu ventre profundo
e o careta capeta tristonho
já não assusta o homem nem nos sonhos.


Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

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