Acordo intumescido e bocejo,
o café já na chaleira ferve
o campo verde me aguarda lá fora
eu arreio a minha mula e vou-me embora.
Rasgo o estradão de peito aberto
e os pensamentos iluminam com o sol
canta no peito o coração de passarinho
trinos estridentes alternando um bemol.
No bagageiro o meu alforje e a lembrança
de uma menina dos meu tempos de criança,
Mariazinha foi tão cedo dessa cruel terra
mais uma vítima das agruras da insana guerra.
E vou seguindo olhando as flores beira estrada
paro a beber um gole d’água em cachoeira
junto gravetos e lanço a eles a pederneira
para aquecer a minha boia em caldeirão.
Essa é minha sina, no dia a dia do meu sertão
buscando abrigo e luz de amigo, imensidão
de liberdade, longe de toda turbulenta cidade
eu sigo em paz semeando minha plantação.
E em letras magras eu canto os versos da jornada
resignando os pés cansados e deixando a mente voar
entre essas áridas terras já esquecidas, tantas feridas
que vou curando, sempre superando sem me queixar.
E à tardinha no meu retorno a casa de taipa
encontro o belo sabiá saudando o arrebol,
todos sorrindo ao meu encontro vem latindo
meus companheiros de fidelidade, amigos cães.
E na noitinha vem radiante a lua majestosa
prateando em saudosismo o acorde da viola
e, eu sertanejo só reconheço a ausência do amor
que distante lê meus pobres versos de dor.
É nostalgia desse canto nascido no sertão
e, o amanhã novamente seguirei a lida
pensamentos lacrimejando pela querida
flor violeta que aqueceu-me em seus braços.
Jonas
Rogerio Sanches
Imagem: Portal do Sertão
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