É só mais um café e um cigarro
e mais algumas páginas daquele livro
que vou publicar na velhice
e vai fazer sucesso depois que eu morrer;
mas e daí? Não vou gozar dele.
É só mais uma tarde quente e abafada
e mais algumas cervejas no boteco da esquina
que vou beber na minha juventude
tão decrépita e hostil que eu adoro;
mas e daí? Chego em casa e durmo.
É só mais uma música sem sentido algum
estourando nas paradas de insucesso
que eu tento ignorar no carro daquele mané
que acha que o mundo tem tímpanos de ferro;
mas e daí? Vou morrer ouvindo Pink Floyd.
É só mais uma rodinha de fofocas na esquina
fudendo com a vida de todo mundo
e se fazendo de santos e beatas sem pecados
e se achando os melhores do universo;
mas e daí? Prefiro ser surdo a ter que ouvi-los.
É só mais uma poesia gritada de insensatez
ou de sensatez mais que necessária
além de todas as reformas, da vida ou da agrária
e, as letras estão cansadas de todas as palavras;
mas e daí? Vou continuar registrando os pensamentos.
É só mais um sábado, sóbrio e monótono;
mas e daí? Acho que vou me embriagar ao anoitecer.
Jonas
Rogerio Sanches
Imagem: Google
Triste, Jonas! Os seus versos deixaram um sentimento de impotência muito intenso sobre o destino.
ResponderExcluirPoderoso.
Grato pelo seu apreço Dulce... Abraço!
ExcluirMas e daí se viver seja ressuscitar a todo instante dos escombros que nós mesmos derramamos sobre nós. Mas e daí se hoje escolhi viver ao meu modo e ficar a merce do ócio e juntar todas as palavras num único pedaço de papel? E daíse amanha vou precisar deles para acender o fogão ou o meu cigarro?
ResponderExcluirE daí que eu viajo sempre que venho por aqui, talvez a vida seja só isso, ou tudo isso e muito mais que queiramos descobrir.
Bjão menino, boa semana.
V.
Obrigado pela sua visita e apreço Valéria... Abraço e uma boa noite!!
Excluir