Sombras esquivas
Entre os esquifes
Que me assombram
Que fogem dos meus olhos de luz
Sombras desfeitas
Entre os holofotes
Que me cegam
Que iluminam os corredores
Sombras noturnas
Entrecortadas
Que se dividem
Que multiplicam os medos
Sombras nos olhos
Da menina soturna
Que caminha diuturna
Que se desfaz entre os becos
Sombras de um sol
Que descasca o mundo
Que desertifica sonhos
Os mesmos sonhos de antes
Sombras e sonhos
Desintegrando-se
Sonhos ungidos no castelo
Sombras ressuscitadas no porão
Sonhos e sombras
Febris e alucinantes
Os mesmos sonhos que acreditei
Agora desmentidos pelas sombrias vontades
Morte dos sonhos
E das sombras
E um renascer
De novas esperanças
Agora são sonhos novos
E as mesmas sombrias dificuldades
Refazendo-se em meu âmago
Iridescentes nessa diáfana luz
Sombras de um éter sonhado
E uma retorcida estupidez
Onde as formas não tem definição
Onde os cegos tateiam em vão
Meus sonhos sobrepondo-se as sombras
Caminhantes sonhos inquebrantáveis
Suspensos sobre esse plano sombrio
Planos feitos sob a luz das velas antigas
Meus sonhos imortais e lancinantes
Perfurando essa malha cósmica
Fazendo-me um grão-sonhador
Se desfazendo em mais uma curta vida
Meus sonhos luzentes
Minhas sombras acolhedoras
Meus passos cansados
E um final que não chega ao fim...
Meus sonhos... Acordados entre as sombras
Minhas sombras... Acordando os seus sonhos
Minha poesia... Tão sonhada e sombria
Meu próprio ser... Entre todos os devaneios
E o que ficou já é tão pouco que deixei para trás...
Jonas
Rogerio Sanches
Imagem: Inacabados de João Alfaro
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