quarta-feira, 23 de maio de 2012

Seminu

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Semi-homens, semideuses, açambarcados,
monopolizando as horas do sol;
entre litígios desse julgamento interminável,
onde o réu e o juiz são o mesmo dente.

Abocanhando as flores pisoteadas,
guloseimas matinais de cupins do mundo;
jogando as planícies esquecidas em uma fornalha,
juntando juncos em um campo febril.

E os pensamentos não podem mais esconder-se,
pois os lunáticos em suas bicicletas amarelas;
gritam em auto falantes mudos suas misericórdias,
descontentes com essas vias cheias de crateras lunares.

Semi-homens, semideuses, olhos semicerrados,
gatos miando para o telhado molhado, florestas no cio;
enciclopédias todas dentro de uma mala antiga,
e o caixeiro viajante anda em um Gurgel  sem porta-luvas.

Eu aqui espasmagórico e sorridente, alucinando as televisões.
Eu ali deitado dentro do meu próprio corpo, seminu.
E as coisas do mundo são comuns demais,
prefiro viver em uma caverna embaixo da escada.

E entre os olhares desconfiados guardarei o meu bocejo,
guardarei nas gavetas do tempo minhas poesias;
e beberei toda a água da minha geladeira envelhecida,
matando assim a sede de voar em uma nave espacial.

Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Google

2 comentários:

  1. Que poema emocionante!!
    Ficou tão lindo!! parabéns!!

    Beijos!♥

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    1. Muito obrigado Mari, um dia abençoado para você!!
      Abraços!!

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