Da lua
Roubo o sol
Em cascatas de estrelas
Deturpando equilíbrios
Cerzindo as costuras temporais
Da lua
Roubo a luz
Em baionetas desgastadas
Acariciando os sorrisos
Enfurecendo os dedilhados
Da rua
Roubo os sons
Em caixas de papelão
Ensurdecendo as chaminés
Despoluindo os tímpanos vindouros
Da rua
Roubo o chão
E superfícies austeras
Caminhando em solavancos
Guardando no meio-fio as redundâncias
Da lima
Eu roubo a acidez
Em palidez de sumos
Em sucos gástricos absorvidos
Depositados nas vertentes do organismo
Da lima
Eu roubo a lâmina
Em espadas afiadas
Em cinzeis esquecidos pelo artesão
E escrevo canhoto minhas letras destras
Da vida
Eu roubo a morte
Em sonhos alucinantes
Na campa do destino quebro lápides
E cavo buracos em jardins esmorecidos
Da vida
Eu roubo a vida
E os sonhos de uma papoula
Definhando em uma seringa de analgésicos
Onde repouso todas as aberrações inalteradas
Da lua eu roubo o sol, e a rua eu desconstruo;
da vida eu roubo a lua, e em sóis aterradores,
grito os sonhos, roubo as limas do meu quintal;
e o buril e guardo em masmorras de eu mesmo,
e roubo todos os astros desconhecidos em uma luneta.
Jonas
Rogerio Sanches
Imagem:
Google
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