São mil cavalos de aço, enfadonhos,
puxando as carroças do tempo tardio,
serenos disfarces de lobos-cordeiros,
que bebem seu sangue nas águas de um rio.
São cavalos cansados de brisa, sem galardões,
perdidos em hipismos descontentes, sem apostas;
sem destinos, perseguidos em desertos ofegantes,
entre as rédeas destrutivas dos comandantes.
São cavalos de lata e platina, mil cavalos,
sem arreios e correndo livres, pelas estrelas;
ou pelos sertões esquecidos no interior de um coração,
sedentos de verões, de novas paragens cósmicas.
São os cavalos em pensamentos, galopando em poesias,
em batalhas internas de um pasto improdutivo,
devaneios entre as crinas entorpecidas de um sultão,
são noites silenciosas entre os cavalos, somente o vazio.
Entrecortando madrugadas em relinches agonizantes...
Reverberando em gritos, os ecos dos gemidos...
Entre a lua recoberta em noite a pino e um sol envelhecido...
Guardando os anos, guardando os filhos dos filhos,
guardando os cavalos magros e árabes dos meus pensamentos...
Jonas Rogerio Sanches
Imagem: Nikki Crane
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