terça-feira, 29 de maio de 2012

Asas de Cera

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N’um sentido de feitiço ensandecido
Degolado em enclaves e veredictos
Decretados pelas leis da natureza
Segue a vida em relevo e infinito

Bestas gastas entre flechas de cupido
Derretidas em fornalhas e estrelas
Forjas toscas de primórdios esquecidos
Entre a vontade e os sonhos reprimidos

Encruzilhadas sem um lume de cegueiras
Emanações e sorrisos por entre os cedros
São minhas dúvidas entre gládios e soldados
Que foram pássaros matinais filhos de Dédalo

E as ideias desgastando as penas-ceras
Dentro de um sol irritadiço, olhar de Ícaro
Que chora as penas infringidas, jogado a Creta
Servindo aos devaneios do carcereiro e do asceta

N’um delírio de feitiço ensandecido
Depenando asas fadigadas sob a luz
Decretos ditos aos que vieram sem pensar
Experiência inadequada de voar

N’um delírio insensato de Ícaro
Transmutando desejos em quimeras
E o que foi dito não se escutou, pois foi escrito
E a teimosia reflete os flagelos dos mitos

E entre livros antigos salvos no incêndio de Alexandria
A última pena sagrada de um semideus


Jonas Rogerio Sanches
 Imagem: “Dédalo e Ícaro” de Andrea Sacchi

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