Me deleito em teu olor imarcescível,
oh açucena; tuas cores ternas ostentam
a beleza calmosa e velutínea do jardim,
oh açucena! Musa fausta e alentosa
se derrame com tuas pétalas em mim;
e na tênue e purpúrea tez perca o pejo
e, se derrame tenra em caule arqueado
qu’eu me derramo em ti qual beija-flor.
Me deleito ao sorver do teu mel,
oh açucena; tua doçura faz o peito fremir,
perco o leme e o lume no acerbo da escuma
e me perco em ti como a alma na bruma.
Oh açucena! Me inquieta estar longe de ti,
na distância meu pranto é canto arguto,
no teu pólen meu ser é xucro e aragano
mas, sem ti torno-me soturno e gaudério.
Oh açucena! Deixe-me morrer no cerrado;
em teu colo macio e orvalhado,
oh açucena; deixe-me morrer de amor
beijando com ardor teu seio de campônia.
Jonas
R. Sanches
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