segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Os Pássaros na Procela

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Teceu ao céu curvilíneo voo,
trinou um doce canto com clangor,
e o plúmbeo firmamento gritou procela,
e o viço que soprou plácido entornou;

os prados sorriram ao amparo verdejante
e a flor então brotou à gentilidade,
correu das nuvens águas entre trovões,
coriscos de iluminura no acantoamento

e a mãe natureza pelejou fertilidade.
Teceu ao céu em voo o baço sabiá,
seu canto estridulou por entre as copas,
o rio tão corredio acalentou no mar

por onde avezou-se entre as docas;
folgou então em ramo de azevinho
plumagem exuberante d’um uirapuru,
a alva garça se iluminou em probo brilho,

arrostou com a negrura do urubu.
Depois da borrasca já consumida
foi que teceu ao céu às andorinhas,
foi chuva na relva esbelta de aleluias;

foi então à plena voz à poesia
tão sacra ao lápis e ao pensamento
que a vastidão cortou sepulcro ao dia
cingindo de estrelas esse rebento.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

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