A primavera se vai com clamor
e deixa a pétala azul de uma flor
embebida em luz e nostalgia
por entre os dias perdendo sua cor.
A primavera se vai e o jardim
é o que fica, o que resta de mim
desorvalhando gramíneas de dor,
se despedindo em langor, beija-flor.
A primavera se vai e eu aqui
me remoendo em minhas sequelas,
não são só minhas, também são dela;
são profundas sequelas de primavera.
Morreram as cores e as flores pranteiam
lágrimas secas de pólen e mel,
ainda sim borboletas serpenteiam
para inspirar versos de menestrel.
São as sequelas d’outra primavera
de folhas secas, pétalas pisoteadas,
são as estações que travam a guerra
com suas armas pelas madrugadas.
Mas, a flor do cacto sobrevive ao sol
fazendo primaveras no verão;
mas, a flor do lácio sobrevive em mim
que garatuja poesias no chão mirrado do sertão.
Jonas
R. Sanches
Imagem: Google
Nenhum comentário:
Postar um comentário