Nesse sopro indelével da noite
meu espírito vaga distante
bem pra lá de qualquer horizonte
e a viajem é nó de explicação;
é viajem ou viagem, escolhas a esmo,
pois deveras guardar seu segredo
ou o medo abstrato insensato
que desliza do porta-retratos;
mas é nato do verso a esperança
que desvenda algures a lembrança
esquecida de outrora perdida
entre seus impropérios anexos
nessa carta de expurgos e nexos
desgastada por ventos silvestres
que retrata a morte nos agrestes
ou a fome infinita dos homens
que vagueiam sem bússola ou sonhos
nestes vastos jardins tão medonhos,
nessa busca por um sorriso irrisório
que despede-se no algoz do velório.
Nesse sopro incontido da foice
vejo a noite em vários transeuntes
que sem rumo são os mesmos de antes,
e na boca calada o silêncio e um cuspe.
Jonas
R. Sanches
Imagem: Google
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