Vejo toda a tristeza reunida
num mesmo olhar no espelho
no mesmo olhar vermelho
cansado de prantear.
Vejo e sinto a dor do pensamento
lacerado tal qual ferimento
de corpo, de alma e espírito;
e os devaneios voam longe.
E é então uma manhã de domingo
e o sol entrando pela vidraça
disfarça essa grão melancolia
que corrói a vida, que invade o dia.
Vejo toda a tristeza disfarçada
pela carne já tão cansada
de viver, de morrer, sobreviver;
querendo uma qualquer libertação.
Vejo distante a cor opaca do lamento
que se mistura ao sentimento
e então as cores em branco e preto
colorem essa tela moribunda de aquarela.
Vejo o poeta distinto amanhecido
já tão entristecido, coração ferido;
e na poesia rabiscada, ensanguentada,
todo seu amor se esvai com o tempo.
Jonas
R. Sanches
Imagem: Grahan Franciose
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