A poesia às vezes me escapa
entre os dedos, entre as linhas
do caderno ou da vida ou da morte
então deixo-a fluir intensamente
da mente, do corpo, da alma;
e é buscando a paz e a calma
que sigo adiante e obstante
as letras se corrompem em mim.
A poesia às vezes, quase sempre
é o meu remédio contra esse tédio
que envenena minhas entranhas
e é dessa barganha que deixo-a fluir
pelo espaço sem ócio ou cansaço;
e é buscando a cura e a lucidez
que sigo e tento outra vez, o verso
transverso que desponta em meu chapéu.
A poesia às vezes machuca essa culpa
tão lesa que habita na incerteza
e então me distraio e contraio o sorriso
ambíguo que rasga minha face tardia
que é branda e que é nua e que é fria;
mas dessa minha rispidez eu resumo
e relembro do centro do prumo
de algum equilíbrio da minha insensatez.
Jonas
R. Sanches
Imagem: Corbis
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