É madrugada e o poeta
se entrega ao silogismo,
pelo teto da alcova
vai em busca do contínuo
que perfaz a iridescência
sem haver mais indecência
somente à luz áurea e pura
transmuda a alma em candura.
É madrugada e a estrela
se entrega ao raciocínio,
pelo ancho sustentáculo
vai em busca da nitescência
receptáculo da quintessência
onde subsiste o infinito,
onde o hodierno é mito
e o vetusto é a regência.
É madrugada e o poeta
se entrega a perspicácia,
pelo copioso intento
vai em busca da literacia
e na letra do imensurável
torna-se inenarrável,
sua nuança insopitável
trás à tona a flor do lácio.
É madrugada e a estrela
espiona o leito do poeta,
sua aclaração incerta
é consumida pela aurora
que desperta sem demora,
que desperta o mundo inerte
e naquilo que se sente
muita coisa se converte.
Jonas
R. Sanches
Imagem: Google
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