quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Cálices de Orvalho e Borboletas Ausentes

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Cálices de sereno adocicado
em um amanhecer de luas órfãs
ouvindo Bob Dylan com estrelas
e cubos de gelo na sala de estar;

as tangerinas estão chorando,
meu cão tem nome de artista,
minha bicicleta não usa cadeado
enquanto o sol toma banho no jardim.

Cálices de veneno atormentado
em um amanhecer de flores sãs
ouvindo The Yardbirds com cometas
e pudins de leite no fundo do quintal;

as berinjelas estão de greve,
meu pássaro fala vinte e cinco palavras,
eu navego em um barco de papel
enquanto as marés afogam suas mágoas.

Cálices de um vinho envelhecido
em um amanhecer sem borboletas
ouvindo Cyndi Lauper com mistérios
e manjares turcos na janela do arrebol;

as melancias estão rolando,
minha poesia é pura imaginação,
eu canto o canto mavioso do sabiá
enquanto degusto um naco de inspiração.


Jonas R. Sanches
Imagem: Salvador Dali

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