Eu junto tudo que vivo e vejo
em um maciço devaneio literário
que esconde e expõe significados;
basta o manejar da língua mãe
que abre o leque da sensibilidade
e reconstrói sua sintaxe ao elã
do predicado que é alado e neologista
quando descreve à palavra do amanhã.
A cruz dizendo o duvidoso da encruzilhada,
a cruz sangrenta do calvário dos martírios,
a cruz vermelha coroada de clemência,
a cruz do louco que nem sabe a oração;
basta o reflexo do complexo da língua
que mostra aos olhos toda uma compilação
do que era antes, o sujeito e a condição
que a Mater propõe aos olhos da evolução.
Eu junto à cruz, eu junto o medo e o grito
num reverbero que estremece a alma
mas, o correto não é certo do que disse
e, então a noite escurece nessa mesmice.
Jonas
R. Sanches
Imagem: Ilustração de José Manuel Saraiva para o livro Antologia Poética de Cesário Verde
Nenhum comentário:
Postar um comentário