sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Singela Aurora Campestre



Na singeleza da manhã que desabrocha
o sábia enche o peito e desafoga,
o joão-de-barro enche o bico e vai a roça
pra construir sua morada na palhoça.

O colibri vai roubar mel da sempre-viva
enquanto as rosas dispersam os seus olores
no estradão vejo a boiada indo embora
seguindo o rumo do berrante d’alguns pastores.

O tico-tico reina supremo no café
cantando timbres afinados em si bemol,
o pintassilgo faz revoada lá no caqui
em seu cortejo de dança à sua senhora.

Lá no terreiro canários ciscam pelo chão
com olhares ariscos preocupados com o gavião
que no angico repousa por entre nuvens
com sua rapina é reinante entre os outros.

No sol que nasce encontro a serenidade
desse meu campo repleto de natureza
tão rica e esbelta em suas variedades
insopitáveis em sua divina beleza.


Jonas R. Sanches
Imagem: Friedrich Gauermann

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

De Alguns Segundos de Introspecção



Na mente afloram consentimentos
desnudos tais quais as sensações
daquelas fugas no self imenso
do eu complexo em introspecção.

Na mente afloram revelações
em profecias e poesias
que nascem nuas; ponderações
que desafligem os corações.

Na mente agora um profundo silêncio
e no verso apenas a leveza da contemplação;
o olhar se perde num vislumbre de si
e o espírito se encontra em plena liberdade.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

De um Bucolismo Chuvoso Entardecido



O céu cinzento no horizonte
A colorir o olhar do coração
vem trazendo tempestade
e nova esperança ao sertão.

Nuvens pesadas rodeando
raios cortantes e trovões
o peito ruge em sentimentos
vou semear minhas plantações.

Do este um bando de paturis
da um contraste ao fim do dia
no leste a lua não vai surgir
mas a viola trará nova melodia.

Do sul uma brisa vem refrescante
amenizando esse calor ofegante
do norte eu miro tudo isso
aguardando ansioso a mão da morte.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Amor que Virou Caixão



Então os olhares se cruzaram
e foi paixão que virou amor
depois de um tempo no parto a dor
depois então tudo se esvaiu
agora um filho sem pai nem mãe
agora o orgulho predominou
pois simplesmente o amor passou
e aquele fogo já se apagou
e tudo foi jogado ao chão
e aquele amor já foi pro caixão.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Às Almas Sertanejas Padecidas



E a poesia continua
excepcionalmente depois das duas
horas sensatas da madrugada

enquanto a lua embriagada
prateia o pranto do sertanejo
que relembra o tempo do seu festejo
entre colheitas de sua fartura

mas, hoje a vida tornou-se dura
e daqueles tempos só a viola
enche o terreiro de nostalgia

mas, não enche o peito de alegria
e em cada nota um gemido curto
enfeitando a alma obscurecida;
já tão cansada dos espinhos da lida,

já tão faminta de um afago
e, a noite esvai-se no último trago;

e a morte toma o último suspiro

e, o corpo inerte é um verbo transitivo
que parte dessa pra outra melhor.


Jonas R. Sanches
Imagem: O Corvo the Raven by Paul Gustave Dore

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Soneto de Algumas Hipóteses



Quem sabe a pureza em uma linha
ou meus pecados em toda poesia;
quem sabe essa dor é só minha
e nela eu regozijo noite e dia.

Quem sabe é a cruz que eu carrego
que faz-me envergar minha costa;
quem sabe um dia eu peço arrego
e o mundo faça uma contraproposta.

Quem sabe seja um verso derradeiro
de algum poeta anônimo brasileiro
ou de algum célebre trovador

que canta a vida em estrofes de amor
ou, quem sabe seja a ressurreição
de um soneto, de uma recordação.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Das Correções tão Necessárias



Para o poeta uma sílaba é universo
que declamada incorreta mata o verso
mas, são egóicas algumas inspirações
que necessitam sempre de correções.

Para o poeta seus versos são imperfeitos
mas, há pseudos que se dizem tão perfeitos
e não aceitam a voz do professorado
e se afundam pelos erros apontados.

Versos matreiros carentes de escansão
que até machucam a porta do coração;
que quando lidos é clara a falta de nexo
por isso aceito o meu erro em anexo.

Para o poeta que aceita a correção
é só lisonja somente por ser notado
pois, reconhecimento causa satisfação
e só assim pode ser eternizado.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Cantigas de uma Ilha Perdida



No tilintar de sinos imaginários
em augustas vestes sigo a procissão
da vida que passa diante dos olhos
da sacra vontade em realização

e, nas arestas cruas vivenciadas
anotações codificadas de mim
que hermeticamente deixa na poesia
secretos desejos vindos dos confins

de um mundo criado em letras e espasmos
dos súditos músculos tão cerebrais
que envolvem e devolvem taciturnos
todos os vislumbres da alma no cais

onde aporto minha nau pura e pecaminosa
depois de viagem perfeita à deriva
por oceanos longínquos repletos de paz
que encontro sozinho no espelho da ilha

deserta ou incerta, sem coordenadas;
por onde o espirito retira-se de si,
por onde o corpo encontra-se inerte
e contempla a perfeição do microcosmo.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Coisas Passageiras



Fui percebendo como a vida é passageira
todas as coisas são de prole derradeira
todas avenças, desavenças, tantas besteiras;
mas descobri o quão eterno é a poesia.

Por isso mesmo deixo meus valores às letras
soturnamente deixo escrito a minha alma
que às vezes em brasas revigora a minha calma;
então eu encontro-me com minha paciência.

Fui percebendo a vida esvair-se da rosa
todas as flores vão murchando nos jardins
e todas as vidas fazem analogia à isso;
vidas tão breves como os olores dos jasmins.

Por isso mesmo que eu versifico às flores
pois nesse ato recordações se eternizam
e nas lembranças minhas dores se amenizam;
e na esperança deposito um novo porvir.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Das Cantigas dos Vermes Essenciais



Nas vozes dos vermes famintos
o banquete da vida que esvai
nas mordidas tão pecaminosas
pelo corpo que se decompõe.

Mas antíteses frescas afloram
e na morte o poeta eterniza
o silêncio que o corpo deflora
no momento que a vida enraíza

pelos campos ou campas reais
d’onde a foice afia o seu corte
mensurando entre todos mortais
o deguste do beijo da morte.

Nos descansos dos vermes benditos
um arroto de satisfação
mas o que fica é a voz no grito;
ultimato de algum coração.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Soneto dos Cadáveres das Velhas Poesias



Sinto as ideias em proliferação
surgem cadáveres de velhas poesias
ressuscitadas na foz do coração
que retumbante se amaina em alegrias.

Sinto à vontade e chego à conclusão
que cada estrofe renasce em melodias
então regresso ao veio da inspiração,
diversifico novas cores aos dias.

Então eis que surge um beijo de insensatez
imaculado como a minha embriaguez
que pelas noites se faz necessária;

madrugada poética refratária
contida aos laços pseudos-momentâneos
que engole a flor; amores subterrâneos.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Metáforas Entrelinhas



Na palavra bem colocada
uma metáfora extraviada
deixada entrelinhas, desamparada;
esclusa da fonte, vivificada.

E no momento, presente perfeito
ou quem sabe outro dia estendido no leito
contando estórias, contando estrelas
perdido no tempo, pretérito imperfeito.

Na palavra parida, nascida, falada
um amor em vertigem versificada
ou um grito inaudível poetizado
pelas mãos de um poeta cicatrizado.

E as raízes profundas de um encantamento
proliferam-se livres na mente infinita
que deságua ilícita numa verve maldita
ou transcorre nos dias alguma salvação.

Nas palavras deixadas entrelinhas... Mistério.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Dos Dias e das Noites Poéticas



São ventos poéticos
ventando inspiração
espalhando minhas pétalas
dentro do seu coração.

São chuvas poéticas
desaguando reflexão
enxurrada de desejos
arco-íris de ilusão.

São noites poéticas
luares de imensidão
versos todos estrelados
na alcova uma paixão.

São auroras poéticas
dias em revelação
despontando em lindas cores
despertando da ilusão.

São arrebóis poéticos
nostalgias na contramão
no olhar tudo é saudade
na alma é uma oração.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

No Olhar do Poeta



No olhar do poeta um mundo novo
que se recria a cada dia
com novas cores desconhecidas
que pintam flores
colorem vidas.

No olhar do poeta uma nova perspectiva
que abre portas trancafiadas
com chaves tortas da ilusão
que é a chave certa da criação
quando jorrada da alma e do coração.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Do Meu Mundo Imenso Como Um Grão de Areia



Tão grande é meu mundo
imenso como um grão de areia
a vagar entre as estrelas;
pelo espaço a divagar

levando os meus pensamentos
em distâncias incalculáveis
levando minhas poesias
junto das ondas do mar.

Tão grande é meu mundo
expandido dentro da mente
que nas palavras obstante
segue o seu inóspito viajar

e são caminhos de espinhos
e são caminhos floridos
e são caminhos trilhados
dependendo da hora e lugar.

Tão grande é meu mundo
e é maior ainda o coração
que guarda amores e rancores
que guarda vinganças e perdão

e dos amores vividos
guarda dores e nostalgias
e bate e bate entre os dias
esperando uma nova paixão.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Do Desfrutar Entardecido de Solidão



Desfruto a brisa adentrando pela janela
trazendo olores de saudade e sentimentos
então regresso pelas frestas em um momento
que quando algures relembrado traz à tona

aqueles ventos que reviram os meus cabelos
aqueles tempos que revolvem o coração
que bate e geme quando transpassa no meu peito
aquele punhal que entreguei na sua mão.

Desfruto o raio de um olhar ensolarado
e num vislumbre eu me refaço da solidão
que é tão presente mesmo eu estando em meio a gente
que vive em vozes entrelaçadas à ilusão.

Desfruto o beijo que lembro que houve outrora
e sinto o gosto junto aos meus lábios, gosto que é seu;
me entrego só e me pego em mergulho de devaneio
depois desperto num tempo incerto sem uma paixão.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Aurora Incolor



A aurora foi
tão incolor
mas no olhar
chuva de amor,
no coração
plúmbeo sentir
de uma flor
que assim murchou;
a aurora foi
de temporal,
digladiaram-se
o bem e o mal,
sombras e luzes
no interior
nesse embate
de riso e dor.

A aurora foi inspiração
e o poeta foi anotação
no seu caderno a criação,
na sua alma evolução;
ao seu redor contemplação
no verso enfim, satisfação.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Cruz



A minha cruz é de carvalho,
é enfermidade e sofrimento;
dias escuros já sem contento
trilhados em ápices de coração

que estilhaçado às circunstâncias
que a vida traça no dia-a-dia
ceifando toda minha alegria;
pregando pregos nas minhas mãos.

Mas esse fardo que eu carrego
é peso ardente e tão pessoal,
é a alma purificando-se do mal;
é a alquimia de uma existência

longa tal qual uma eternidade
então lhes digo que é bem verdade
que cada um merece o que tem
pois sem a cruz não há crescimento.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Insone



O gosto da dor
é o remédio
e o tédio
dispendioso
de uma oração
feita
às pressas
sem fé,
sem um gole de cerveja
mas;
é o amor
tão escasso
por esses dias
que toma as rédeas.

Sem amor um beijo inadequado,
sem amor uma sensação inodora,
pois;

do amor que brota a dor
que acorda
que amanhece
na fruta
do meu pecado
tão descarado
eu desgarrado
desse rebanho
que farto está
ganancioso
e, eu amoroso
em versos curtos
inda me lembro;

lembro das dores e das aflições
lembro dos cavalos das pareidóilas
só esqueci de adormecer
enquanto o corpo padece insone.


Jonas R. Sanches
Imagem: Leka Cid

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Degustando Solidões



No degustar de um sabor almiscarado
de um gole viçoso de um vinho de repente
que esquenta a alma em flagelo eloquente
em noite cálida servida em solidão.

Mas há estrelas no terreiro do universo
e há um verso brotando do coração
que em ramas frescas delicia-se calado
das boas novas refletidas na oração;

que faço a sós redobrando meus joelhos
frente ao espelho entorpecente dessa vida
que refletida é como algoz desse desvelo
que como a alma é flor já murcha e ressequida.

No degustar de um gosto doce de um beijo,
beijado a sós em pensamento ou devaneio
que desfalece e fragmenta-se em si mesmo
eis que é fúnebre como um amor que desconheço.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Às Pressas



Vamo-nos às pressas
pra não perder o trem da vida,
pra viajar no trem da morte
que passa em trilhos infinitos.

Vamo-nos às pressas
levar um beijo a menina,
que se desmancha em despedida
que vai serena dessa vida.

Vamos, vamos todos caminhando
por essas sendas tão eternas
mas cada um com suas pernas
com passos largos ou pequeninos.

Vamos, vamos correndo mais um dia
nessa corrida que não termina
em direção a um céu de sonhos
carregando a própria cruz nos ombros.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Quando Plantei um Jardim das Flores do Amor



Vou-me embora sem destino,
vou coisar todas as coisas,
vou voar como o menino
que sonhou com asas doiras.

Vou-me embora para a estrela,
vou brilhar fosforescente,
vou dissipar-me tal qual fumaça
que do incenso proliferou-se.

Vou voltar da minha viagem
na bagagem algumas cores
pra plantar, fazer aragem;
pra brotar flores do amor.

Vou colhê-las no tempo certo
e espalhá-las nos corações,
vou perfumar ares com seus olores
e fazer novas todas as sensações.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Momentos Passageiros



Recorrente da alegria fulminante
um arrebatador sorriso satisfeito
mas é momentânea toda euforia
pois, as situações são modificáveis.

Então recorro à poesia crua e nua,
sem véus e sem nenhuma censura;
somente um desabafo sincero
que desaba como cascata de palavras.

Então recorro ao mergulho interior
que é tão profundo quanto o universo
e a verdade predispõe-se em verso;
simples, natural, imune ao bem e ao mal.

Recorrente de um silêncio que domina
os sentidos, as contemplações e as ações;
àquele momento onde pranteio
todas as dores alheias tão incuráveis.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Cova-Rasa



Nos meus pulmões de fuligens secas
há de haver um sopro carbônico
que se enviesa pelas quinas de mim
e das vertigens um trago a mais.

Das vísceras polinizadoras corpóreas
um gérmen catatônico alcalinizado
e no uísque com três pedras de gelo
um mosquito mergulhou de corpo e alma.

No meu estômago um líquido desconfiado
e eis que fluíram ácidos semióticos às veias
que borbulhavam nesse sol ganancioso
que secou as pimenteiras do meu canteiro.

Nervos que se contraem no limiar desse luar
que prateia e clareia minha cova
onde jaz um corpo que já foi meu
mas, agora eu gosto de observar os vermes se alimentando.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Geométrico



Poesias algébricas;
versos numéricos
de pensamentos
viris, matemáticos.

Poesias geométricas;
versos métricos
de devaneios
hipotéticos, quânticos.

Poesias elípticas;
versos convexos
de espelhos
desconexos, fluídicos.

Poesias milimétricas medindo os sentimentos
tão fugazes que deliram em sóis noturnos
que proporcionam arrebóis de prata e alucinações
onde nascem dragões, quimeras e subterfúgios.

Poesias pitagóricas sobre pitonisas
e o camafeu adormeceu em solidão
e o faraó renomeou constelações
e o poeta que vivia nas estrelas contava grãos de areia.

Jonas R. Sanches
Imagem: Ludus Scaenici

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Sintomas Subsequentes



Sintomas subsequentes do amanhecer;
pungentes, ardentes e concomitantes
às coisas olhadas em olhar de soslaio
por um par de olhos que só quer contemplar.

Todas as dores se tornaram borboletas
em uma mistura de cores frias e sazonais
e a promessa do jardim murchou ao sol
enquanto um melro observava cantante.

Todos os amores se tornaram borboletas
e voaram irregularmente para muito longe,
tão longe que o telescópio desfaleceu
mas; no peito um trejeito de imensa solidão.

Sintomas subsequentes do entardecer;
sedentos e famintos de todos os arrebóis,
mas as gargantas estão repletas de espinhos
e o grito tornou-se grunhido, aterrorizante.

Todas as vozes se tornaram borboletas
e, ecoaram pétalas velutíneas pelo labirinto
e, se perderam em versos proféticos
e, calaram enquanto havia um resquício de inspiração.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Senda



Contei os anos rapidamente,
cantei as flores por um momento,
calei para as estrelas eternamente
e assim calei a alma em um segundo.

Contei histórias para meus filhos,
cantei canções emocionantes,
ceifei a dor e segui pelos trilhos
e assim cessei todo meu sofrimento.

Contei as horas em mil relógios,
cantei cantigas de antigamente,
colhi os frutos de todos meus sonhos
e assim adormeci e semeei novas sementes.

Contei os passos já caminhados,
cantei com os pássaros por toda senda,
catei as pedras que foram pisadas
e assim construí o castelo da minha vida.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Atestado de Óbito



Atesto para fins de eu mesmo
que a poesia é fundamental
e leio a bula com uma lupa, verde-musgo;
e queria ser brilho de estrela
em constelação, em galáxia longínqua;
e queria ser menos só,
queria ser areia do deserto
e voar de duna em duna;
voar até meu próprio final
e na lacuna do meu vazio
adormecer em cama de eternidade.


Jonas R. Sanches
Imagem: Constelação de Escorpião

Delírios de uma Nova Aurora



Delírios de uma nova aurora
manhã nascente em fevereiro
sábia que fugiu da gaiola
que foi cantar no abacateiro

me lembra dos tempos de criança
de quando ouvia essa canção
no sentimento faz lambança
e me acelera o coração.

Delírios de uma nova aurora
manhã tão quente em fevereiro
vejo o cravo que brigou com a rosa
espatifado no canteiro

me faz lembrar da doce infância
de quando a cantiga era rotina
sentimento busca a distância
e nas lembranças se desatina.

Delírios de uma nova aurora
colorindo a manhã de fevereiro
canarinho na gaiola chora
pois foi embora o seu janeiro

então eu choro junto ao canto triste
do passarinho que já não voa
então eu abro a sua gaiola
e ele sai voando e sorrindo à toa.


Jonas R. Sanches
Imagem: Kahler