quinta-feira, 26 de maio de 2016

Breu Após as Seis



Crocodilos famintos orbitando
um planeta pantanoso inanimado
procurando sua presa suculenta
em um morto com os ossos destroçados;

abutres revoando sobre a presa
que inerte está aos vermes do deserto
seu futuro que era a vida foi incerto
agora é apenas a carcaça à carniça.

Vejo vermes corroendo a carne crua
desgastada e atropelada pela rua
que transpassa a fronte do cemitério
que resguarda a morte em deletério;

todos morrem, todos vivem à algum tempo
suas cinzas são carregadas pelos ventos
adubando algum jardim já esquecido
assombrando as flores com alaridos.

Vida e morte e amor e ódio,
os sentimentos são delinquentes
cada qual têm seus fantasmas
mas, depois das seis tudo escurece.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Poesia à Chegada do Sol em uma Manhã de Maio



Venha sol, escaldar mais um dia,
leve embora a algidez da manhã,
substitua-a por calidez e alegria
para que meu ânimo seja amiúde.

Venha sol, desorvalhar a vegetação,
venha engelhar as pétalas aljofradas
para que suas cores e olências pululem
e atraiam abelhas, borboletas e olhares.

Venha sol, desadormecer os pássaros,
para que seus chilreios acometam o todo
e seus adejos aderecem o céu matutino
em uma azáfama de cores infinitas.

Venha sol, insuflar de amor meu elã,
venha aguçar em meu espírito a poesia
para que eu possa entoar à natureza
em versos maviosos e azougados.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Recanto do Jardim da Açucena



Eu despertei para saudar a natureza
pois eu dormi junto da flor de açucena
entrelaçado em seu caule, suas pétalas,
em seu olor o amor então desabrochou.

Partimos juntos buscando raios solares
caminhamos pelos jardins do nosso lar
entre outras flores nós dois desorvalhamos
para as abelhas poderem nos oscular.

Pelos canteiros nós observamos pássaros,
observamos os insetos multicoloridos
que degustavam-se gulosos nossas folhas
que verdejantes eram de viço imarcescível.

Ali cantamos mil odes às outras coisas
que circundavam os arredores da nossa casa,
cantamos às nuvens que sombreavam
nosso recanto debaixo do pé de jabuticaba.

Mas como sempre o dia foi-se esvaindo
e já dos pássaros eram apenas murmurinhos
e, já do sol restou apenas um arrebol
então nos recolhemos ao nosso leito e dormimos.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Equilíbrios e Desequilíbrios



Os invernos antecedem os verões
ou os verões antecedem os invernos?
Inverdades antecedem ilusões
e as bonanças sucedem as tempestades.

Luz e sombra, trevas e luz, Deus e Diabo,
dias e noites, luas e sóis, terrestre e alado,
oposições de um equilíbrio inabalável
ou de um abalado desequilíbrio alienado.

Os outonos antecedem as primaveras
ou as primaveras antecedem os outonos?
Folhas que caem, flores que nascem obstinadas
gerando cores, às vezes frias, às vezes quentes.

Sombras e luzes, yin e yang, sorriso e lágrimas,
amor e ódio, terror e paz, ser ou não ser,
um ciclo eterno inconclusivo exacerbado
onde o caminho sempre me leva onde não sei.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Sobre os Jardins Enigmáticos da Alma



Noturnamente diuturno
como o pássaro estrelar
em seu voo cósmico
revolvendo galáxias
em busca da letra perfeita
em tom rubro escarlate
no jardim da flor do lácio.

Diuturnamente noturno
como o pássaro do sol
em seu voo flamejante
revolvendo as chamas
em busca do verso perfeito
em tom dourado crepitante
no jardim da velha papoula.

Soturnamente emblemático
como o pássaro errático
em seu voo enigmático
revolvendo as almas
em busca do poema perfeito
em tom etéreo diáfano
no jardim da flor do infinito.

Hermeticamente eclético
como o pássaro esotérico
em seu voo cadavérico
revolvendo as tumbas
em busca da morte perfeita
em tom fúnebre plúmbeo
no jardim da flor de plástico.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Depois da Grande Tempestade



Depois da grande tempestade
eis que no horizonte surge
uma pequena luz vindoura
para esse povo que batalha
que tem o brado retumbante
e que também não foge à luta;

depois da grande tempestade
eis que haverá bonança
mas, há trabalho a ser feito
para o povo reaver o seu direito,
para reaver a sua dignidade
que foi burlada com inverdades;

depois da grande tempestade
eis que serão contados os prejuízos
que infelizmente são reais
no alicerce desse país
de estremecidas estruturas,
de paredes quase às ruínas;

Depois da grande tempestade
eis que eu sonho com um porvir
iluminado com novo sol
para eu deitar em berço esplêndido
e enumerar o meu compêndio
sobre o amor pelo Brasil.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

domingo, 8 de maio de 2016

Daqui Observações... Dali e Acolá Críticas



Fiquei ali, observador o arrebol,
mesmo sabendo que haveria trevas
encobrindo todo o embasamento azul;
resquícios do dia , lasca da luminosidade
deixada às migalhas às estrelas
que são os olhos de Deus vigiando a noite
que às vezes é macabramente silenciosa
quando pensamos sobre a vida e a morte
que são as consequências de sermos nós
independentemente das vozes alheias
que nos confundem em meio à multidão
nos julgando sem olhar para si mesmos
e esquecendo que crescemos com os erros,


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Mães são Anjos



Mães são anjos,
mães de sangue,
mães de leite,
mães de criação,
mães tem coração
de ouro,
mães são o tesouro
da vida,
mães que se desdobram
de lida à lida
para suprir a vida
de sua criação...
Oh minha mãe
tu está todos os dias
dentro do meu coração.


Jonas R. Sanches

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Da Poesia Dentro das Poesias



Há momentos que é só a poesia
que amaina o ânimo sublevado
pois, nas palavras há a propensão
de linimentar a alma azougada;

a poesia é como o dilúculo
que trás a renovante luz ao dia
e renova na antemanhã a vida
que segue em passos durativos;

pois sim, por isso bem-quero a poesia
que me dá guarida e sustentáculo
nas minhas noites, nos meus dias
que passam meticulosamente sãos;

mas a insânia também é companheira
nas linhas, nos versos, na subsistência
que da arrego na hora do canto do pássaro
que visita-me diariamente ao entardecer.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google