quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Soneto da Transitoriedade do Tempo e da Poesia



Vivo a transitoriedade do tempo
que escorre alhures pela ampulheta
que divaga algures no meu planeta
espalhando o todo em um só momento.

Vivo a exatidão metamorfoseada
borboleta alquímica kafkiana
em voo rasante em superfície plana
em busca da flor desorvalhada.

Vivências e morrências paradoxais
ontologicamente ultrarracionais,
elãs vagos vagando pela mente

poeticamente, consequentemente;
mas inda resta a alma sã do soneto
composto na linhagem de um poemeto.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Por Detrás da Morte o Segredo da Vida...



Por detrás das plúmbeas nuvens
que escureciam inda mais a noite
eu sei que ainda haviam estrelas
e anjos bailando com demônios

e o beijo da morte na face da lua
secou o céu de negro firmamento
e o poeta desaguou em rebento
cobrindo o rosto com o chão de chuva

para beber do cálice do vento
que fustigava o moinho do tempo
que era incessante ante o infinito
que ecoava num estridente grito

as mil palavras velhas proibidas
que ocultavam o elixir da vida
e escreviam a luz de toda sorte
que desespera e livra-nos da morte.

Por detrás da estrofe o poeta em guarida...
Por detrás da noite o segredo da estrela...
Por detrás do verso o segredo da lida...
Por detrás da morte o segredo da vida...


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Cristo Renascido nos Corações



Cristo renasce nos corações
que são tais quais manjedouras
que o recebe com gratidão
e a luz vindoura é regozijo;
e então novamente é Natal
e a poesia é sobre a Paz
que almejo e desejo ao mundo
que necessita de amor e união;
e Cristo renasce nos corações
que são recipientes divinos
de vida, de alegria e retidão.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Mezcal



Ácido bórico e palavras
pelas esquinas das baratas
voadoras & escorpiões
em garrafas de Mezcal
nos desertos de Sonora
com cartéis alucinógenos
e Carlos Castañeda
com sua datura stramoniun
e sangue pelas sarjetas
sujas e úmidas de verão
com sóis negros e liquidos
onde o poeta debruçou o olhar
e navegou pelos rios secos
em barcos de papel e imaginação.


Jonas R. Sanches
Imagem: Jon Estrada

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Absinto



Dois dedos em um copo de cristal
dois copos na avenida sideral
eu e Bukowski num papo reto
sobre lápides de mármore frio
entre goles do sangue da fada verde
e cabeças rolaram na ladeira
entre automóveis e poluição
mental, subconscientes sórdidos
encravados na poesia antiga
e nas ressacas lúgubres do amanhã
que passou sem deixar vestígios
e falamos sobre o Pessoa;
e falamos sobre Castro Alves;
e falamos sobre deuses impiedosos
que decapitavam demônios e homens
com foices flamejantes e asco
mas, deixe a garrafa na mesa
pois, poetaremos até o infinito.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Whisky




Dois copos de whisky e a noite,
eu e Augusto dos Anjos no botequim
contando miríades de estrelas
incrustadas e aprisionadas
em cubos de gelo dentro dos copos
onde bebericam almas poéticas
contempladoras das inusitadas verdades
que se derramam, mas não são percebidas
aos olhos cegos que veem matéria
e não enxergam que a única realidade
é a de que a morte espreita em cada esquina
somente esperando um deslize
para arrebatar as almas para dentro de uma poesia.

Jonas R. Sanches
Imagem: Google


Vodka


Vodka

Vodka em copos de marfim
numa mesa com Rimbaud e Baudelaire
cantando sepultamentos antigos
dos poemas fúnebres de Poe
em uma noite sem sol nem estrelas
e corvos pululantes no meio fio
de sonhos cadavéricos antigos
em cemitérios ritualísticos e um café
para manter as pálpebras acesas
junto aos faróis coloridos assustadores
d’alguma nave alienígena sideral
que carregava salmos apócrifos do além
do tempo em que o conhecimento inda era real.

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

domingo, 6 de dezembro de 2015

Nós



Meu olhar tão distante no infinito
contempla-nos tão velhinhos
caminhando pelos vãos dos trilhos
mas, não é somente isso
pois, a cada passo ficam nossos resquícios
e também, todas as flores florindo
pelas beiradas do nosso caminho...
Meu olhar tão distante no infinito
contempla-nos sorrindo;
relembrando todos os percalços
superados dentro da nossa senda
mas, não é somente isso
pois, a cada dia de mãos entrelaçadas
nossas almas se completam
e regozijam-se quando olham o que ficou.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Livro Perdido... Inocência Banida...



Meus solilóquios tão profundos
indagantes, intrigantes, inacessíveis;
e os dias passam como as poesias
que são inerentes aos meus anseios

ao dia e a noite eterna de Noús
com seus paradigmas da criação,
com seus paradoxos da sabedoria
que percorrem micros e macrocosmos

pelas páginas daquele livro de magia
lido e escrito por Trismegisto,
herdado e recopilado por Cagliostro,
relido e modificado por Abramelin,

perdido e reencontrado por Apolônio,
roubado e extraviado pelo Demônio
que roubou a inocência à iniquidade
e deixou a humanidade nua dessa verdade.


Jonas R. Sanches
Imagem: Fragmento do Corpus Hermeticum