terça-feira, 7 de julho de 2015

Chuva da Madrugada ao Alvorecer

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A chuva caía incessantemente
desde as três e vinte e sete da madrugada,
o sangue dos anjos escorria pelas sarjetas
lavando os pecados da seca miserável;

cães bebiam e uivavam à lua oculta
entre trovões que ribombavam surdos,
raios coriscavam rubros no firmamento
e iluminavam os olhos cegos da multidão.

A chuva caía incessantemente
debandando violenta até o amanhecer,
o sangue do céu lavava todos os telhados
e as flores murchas bebiam e embriagavam-se;

pássaros encharcados ensaiavam trinados
tímidos, aguardavam o ressoar do grito
de um urutau a examinar a pia alvorada
que ressurgiu sem cores, era plúmbea sua alma.

A chuva caía incessantemente,
seu gotejar invadia minha mente
e eu ouvia o recitar de sua poesia
que era molhada e escorria a reveria;

o sangue da caneta lavava meus pecados
e o poema então surgiu purificado,
enaltecido e misericordioso poema
que desorvalhou os olhos e ensolarou a alma.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

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