domingo, 24 de maio de 2015

A Caminho do Fim

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Era um caminho vazio, daqueles abandonados pelo tempo, o capim devorava os restos do concreto das calçadas, avançando ao céu por entre as rachaduras tão antigas quanto o arvoredo que esticava suas sombras até os arredores circundantes do seu vasto tronco.
Eu caminhava já sem saber o porque de caminhar este caminho, a mente se despedia dos pensamentos de tal forma qual elos desconectados de uma corrente, o vento que ventava livre beijava-me a face já judiada pelas intempéries da vida e se alojava nos sulcos profundos de minhas rugas, o céu era pesado e suas nuvens plúmbeas se dependuravam no firmamento, ameaçadoras de um breve temporal, um trovão cantou junto ao piado de um nhambú que se acocorava em uma das muitas moitas de aloe-vera enraizadas ao pé de uma estátua de alguém que já foi esquecido pelo mundo.
Apertei o passo, a dança dos primeiros pingos da chuva começavam a rodopiar à ventania que alimentava a cada minuto, de repente o aguaceiro espesso e denso precipitou por entre raios amarelo-azulados, e meu corpo decrépito pela velhice se encharcou.
Parei sob o arvoredo para proteger-me do grosso daquela imensa chuva; ali fiquei a observar os pássaros que bailavam felizes por entre os galhos molhados; sentei-me e com aquela bela imagem eu morri em paz.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

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