Era um caminho vazio, daqueles
abandonados pelo tempo, o capim devorava os restos do concreto das calçadas,
avançando ao céu por entre as rachaduras tão antigas quanto o arvoredo que
esticava suas sombras até os arredores circundantes do seu vasto tronco.
Eu caminhava já sem saber o
porque de caminhar este caminho, a mente se despedia dos pensamentos de tal
forma qual elos desconectados de uma corrente, o vento que ventava livre
beijava-me a face já judiada pelas intempéries da vida e se alojava nos sulcos
profundos de minhas rugas, o céu era pesado e suas nuvens plúmbeas se
dependuravam no firmamento, ameaçadoras de um breve temporal, um trovão cantou
junto ao piado de um nhambú que se acocorava em uma das muitas moitas de
aloe-vera enraizadas ao pé de uma estátua de alguém que já foi esquecido pelo
mundo.
Apertei o passo, a dança dos
primeiros pingos da chuva começavam a rodopiar à ventania que alimentava a cada
minuto, de repente o aguaceiro espesso e denso precipitou por entre raios
amarelo-azulados, e meu corpo decrépito pela velhice se encharcou.
Parei sob o arvoredo para
proteger-me do grosso daquela imensa chuva; ali fiquei a observar os pássaros
que bailavam felizes por entre os galhos molhados; sentei-me e com aquela bela
imagem eu morri em paz.
Jonas
R. Sanches
Imagem: Google
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