O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Fernando Pessoa
O poeta finge que dorme
Para poder adentrar o onírico,
Vislumbres do irreal, seu elã,
Então é o verso apoteótico são.
O poeta finge o alienigenismo
E percorre galáxias e seus confins,
Supernovas explodem em versos;
Ser sideral renasce em poeticidade.
O poeta finge sua morte
Para adentrar o Tártaro,
Versejar à barca de Caronte;
O inferno é rima à inspiração.
O poeta finge ser Deus
Para gritar versos no Olimpo,
Zeus e Netuno calados ouvindo;
A canção do Cósmico é incessante.
O poeta finge o âmago da poesia,
Rouba o arrebol a si mesmo, egoisticamente;
A lua é sua cúmplice, e as estrelas
Esperam martirizarem-se ao último sol.
Jonas R. Sanches
Nenhum comentário:
Postar um comentário