segunda-feira, 31 de março de 2014

De Todas as Formas



Toda forma de viver vem de uma escolha,
toda forma de vencer vem da atitude,
na humildade que minh’alma se recolha
minha grandeza está nos atos amiúdes;

por isso eu simplifico num grito a vontade,
por isso eu deixo a poesia ser de verdade,
por isso entristeço e também sou alegria
minha vida vai seguindo na toada qu’eu queria.

Toda forma de olhar vem da pessoa,
há olhos bons e olhos maus por toda parte
e o poeta olha tudo sem ter pressa
e observa de uma maneira que se expressa;

por isso eu não complico e sim exemplifico,
se o dia vai embora pela noite eu viro mito;
por isso eu canto esses meus versos sozinho
esperando a verdade em um copo de vinho.

Toda forma de morrer vem de uma escolha,
toda forma de sorrir vem da alegria,
toda obra que construí veio da trolha
e o alicerce eu fiz de alegorias.


Jonas R. Sanches
Imagem: Salvador Dali

Dos Verdejantes Olhares onde Apaixono



Tão verdejantes seus olhares
oh meu pecado, menina-deusa;
só ao seu lado serei feliz de verdade
sem você se esvairia toda a vivacidade.

Seus rubros lábios tanto me encantam
me fazem louco, em meus desejos;
noites de lua em meus ensejos
noites vazias a te imaginar.

Amor platônico que dói, que mata
o coração, olhar vazio de aflição
olhando os longos dias que se vão
sem mais delongas, sem pôr do sol.

Almas tão próximas e tão distantes
em sentimentos, e a poesia é de lamento;
e a poesia é o espelho de muitas vidas
que passam sem viver o verdadeiro amor.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Quando Eu Acordo para Sonhar



Eu acordo de um sono de sonhos
tão desperto continuo a sonhar
pois, dos sonhos minhas realidades
que despertam para te amar.

Eu acordo só para uma poesia
que desperta na aurora do dia
paradoxos de dor e alegria
tão complexos que causam torpor.

Eu acordo e inda sonho acordado
com as páginas de um livro novo
onde deixo as palavras trancadas
em um texto de entraves airosos.

Eu acordo pra morte e então vivo
tão intenso sem ter um amanhã
versifico do espírito o brilho
que ilumina minhas noites no afã.

Sou dos sonhos que faço reais,
poetando às vontades verossímeis
meus parâmetros são céus irreais
e meus versos tornam-se imiscíveis.

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

domingo, 30 de março de 2014

Caminho das Roças da Vida



Pego a viola
em contento estremecido,
par de esporas
e um abrigo
pra guardar meu alazão.

Pego a estrada
no surgir da madrugada,
dou um beijo na amada;
faço o laço apertado
e sigo a senda enluarada.

Vida tremenda
vou carregar minha tenda,
vou ao mundo tal qual cigano
sem destino, pelos anos;
buscando realização.

Colherei flores
no caminho de retorno,
levarei no meu estorno
usarei como um suborno
pra ganhar seu coração.

Depois de ganho
serei feliz com a conquista
e tu será minha benquista,
te acolherei entre meus braços
e tecerei sua poesia.


Jonas R. Sanches
Imagem: Maria Helena de Itabirito

Das Raízes Sertanejas de Minh’alma



Sou um poeta
de vertente sertanejas
que verseja às belezas
das flores novas pelo chão

desse terreiro
cultivado à lua nova
que deixa a planta viçosa
de acordo com a estação.

Sou desses versos
tão comuns e elaborados
pelos séculos passados
dentre as roças do sertão;

sou delinquente
mas planto minha semente
nesse chão pra toda gente
que delira o coração.

Sou pedra rara
de melindres tão estranhos
de vivencias e artimanhas
conquistando os corações

que batem forte
ao meu verso sertanejo
pela mulher que desejo
pra decorar o meu bordão.

Sou madrugada
daquelas enluaradas
clareando a estrada
 prateada da paixão;

sou rosa estranha
que espinha suas entranhas
nessa senda de barganhas;
sou um fruto da ilusão.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sábado, 29 de março de 2014

Das Noites de Chuva



A noite vem chegando trazendo chuva,
uma chuva de beijos para meu amor
uma chuva de pétalas de uma só flor
uma chuva de lágrimas de uma solidão.

A noite vem chegando rugindo em trovões,
são rugidos da morte no céu de leões
são o canto dos Arcanjos para os corações
são as vozes dos raios em manifestação.

A noite vem chegando em penumbra fantástica,
são as trevas que invadem o meu horizonte
são vestígios restantes da noite de ontem
são estrelas vomitadas da boca de Deus.

A noite vem chegando e o dia partindo,
o crepúsculo vai deixando o olhar mais lindo;
vem deixando na mente rastros de poesias
vem amando essa vida feroz e tranquila.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 28 de março de 2014

Um Dia de Cada Vez



Sempre um dia de cada vez
e uma poesia a cada dia
seja em tristeza ou alegria,
seja José ou seja Maria.

Sempre o mesmo sol amanhecido
e uma poesia à aurora
que renasce e depois vai embora
em um momento crepuscular.

Sempre as noites intermináveis
e uma poesia de solidão
com sentimentos inenarráveis
brotados fundos no coração.

Sempre a folha e a caneta
e a poesia que brota nova
seja em algum canto do planeta,
seja do cravo ou seja da rosa.

Sempre o poeta e as circunstâncias
versificadas nas poesias
seja parado ou em suas andanças,
seja de noite ou seja de dia.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 27 de março de 2014

Das Pipocas Metafóricas da Vida



Somos iguais milho de pipoca
como já disse Rubem Alves
quando estouramos para a vida
no fogo intenso de uma alma

que cai em si em dor tangente,
que volta então a ser criança
para aprender com alegria
os novos passos dessa dança

que segue em ritmo frenético,
que baila algures em solidão
mirando um horizonte dialético;
revigorando o velho coração.

Não vou ser como os piruás
que se internam em cascas duras,
vou é mais ser como a pipoca
que se transforma em flor candura

quando enfrenta a morte certa
tal qual lagarta e borboleta,
vou viver essa metamorfose
nessa alquimia branda e violenta.


Jonas R. Sanches
Imagem: Wagner Carmo

terça-feira, 25 de março de 2014

Roda da Vida



Envolto em névoas indiciadas
pela penumbra dessa madrugada
eu sigo e enxergo pelos ruídos
que cercam a noite da alma.

O nos percalços farpas pontiagudas
perfuram e se alojam no espírito
mas, no caminho há a perseverança
que preserva e mantém-me sereno.

Envolto em lúgubres bruxuleantes
me fecho e sigo na trilha que aparece,
todos os obstáculos são meus troféus;
todas as agruras são as que fortalecem.

E na opulência de um sol sem mágoas
as riquezas do fogo transmutam o ser
que chegará vivo ao final para recomeçar
a girar toda essa roda imensa que não cessa.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 24 de março de 2014

De Alguns Gostos que Gosto Mais



Adoro quando a noite chega
e deixa nos vestígios do crepúsculo
alguma cor violentamente linda
e além do mais, deixa um nó de poesia.

Adoro quando o manto é estrelado
sem lua, assim imagino-me alado
e saio voando junto aos curiangos
e saio pelos céus poesias recitando.

Adoro quando o olor que sinto é o teu
que chega e adorna o meu querer
que atiça minha vontade de viver
que faz-me um rebuliço até te ter.

Adoro quando chega minha inspiração
pois vem nociva, destruindo o teu querer;
pois traz consigo a alegria de te ver
e faz-me desfazer-me em versos doces.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Cavalgando em Sonhos Verdejantes



Vou cavalgando pelos campos verdejantes
em um cavalo de madeira, gelo e fogo;
vou bem depressa entre amor e flores
vou flutuando entre as damas dos meus sonhos.

Vou cavalgando em leões com seus turbantes
entre mil feras que criei nas poesias;
vou entre estrelas nessa terra de gigantes
vou sem parada pelas noites e pelos dias.

Vou eu voando em uma águia imaginária
sobrevoando um oceano de histórias;
vou com a pena de Platão reescrevendo
minucioso tudo que eu estava vendo.

Vou retornando agora a realidade
que é tão escassa de amor e de verdade;
retorno triste mas com a caneta em riste
pois ela é a espada da minha liberdade.

Jonas R. Sanches
Imagem: Google



sábado, 22 de março de 2014

Percalços



Caminho pela noite
e no sol resquício,
e na voz um vício
que não quer parar

de se aninhar
no calor dos seus braços
mas, o resto é fácil
pois no desespero

encontro uma saída
que esclarece a vida
ou apenas a morte
que ronda a minha sorte,

que vem sem avisar,
que já não sabe amar
mas, os dias são iguais
por isso eu saio à noite

para enfrentar açoite,
para colher estrelas
e beber uma cerveja
junto de Gengis Khan.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 21 de março de 2014

Dos Sonetos que Sou



Sou de sonetos atemporais
com versos simples e naturais,
com minhas cismas metafóricas
que envolvem almas e retóricas.

Sou de sonetos universais
que desbravam todos os temporais,
com minhas inspirações homéricas
remanejadas até as Américas.

Sonetos armados de emoções
desbravadores de mil corações,
buscando o verso mais adequado

que deixa o espírito extasiado,
que deixa a sensação mais acessível
e desperta alguma cor no invisível.


Jonas R. Sanches
Imagem: Maria Tomaselli

quinta-feira, 20 de março de 2014

Do Ventre da Poesia



Verossímeis versos de um Dante alegórico
em poemas fulminantes metafóricos
que explanam a mente do poeta aludido
que reside no verbo anônimo amigo.

E das vertentes poéticas analógicas
derramam-se nexos de proles lógicas
que carregam as palavras ao cume do sentido
que anexam sentimentos no olhar aturdido.

Então é somente o beijo da observação
e os escritos proliferam alguma inspiração
seja na flor ou no amor ou no desespero
o poema reflete uma alma em desvelo.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 18 de março de 2014

Espinhos e Cicatrizes



O espinho da rosa me feriu
quando minh’alma se apaixonou
o meu coração então se partiu
e o meu ser nunca mais amou.

No jardim agora a rosa esquálida
e um broto de descontentamento
enquanto me fecho em crisálida
e torno-me casulo de lamento.

Ferimentos da senda percorrida
suprimento da vida desmedida
e a ferida tornou-se uma cicatriz

referência de uma nova diretriz,
e o corpo então refez-se em pranto
e o verso então foi novo canto.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 17 de março de 2014

Soneto das Almas Complementares



Nossos olhares equidistantes
se observam sem se machucar,
interiorizam-se quase distantes
querendo saber se poderiam se amar.

Nossos quereres afrodisíacos
se complementam completamente
seguindo nossos espasmos cardíacos
na senda composta de corpo e mente.

Somos abelha e flor, rio e catarata,
somos estrela e lua, mar e fragata;
desejo e carne, amor e sensação,

poeta e caneta, uma alucinação.
Somos os versos de rima perfeita
pois sou seu amor e você minha eleita.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Coração Subversivo



Meu coração consternado
protela uma subvenção
por se sentir condenado
vítima de uma subversão.

Meu coração fragmentado
doente em comiseração
por não mais ser aliado
do amor que causou sensação.

Meu coração congelou
antes dele se espatifar
por certo ele não mais amou,

por certo não vai mais amar;
meu coração tão poético
fez-se em um soneto eclético.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sábado, 15 de março de 2014

A Menina Bela do Soneto



Menina-moça de olhar angelical
tu me roubaste a alma e o coração
agora ando vazio feito um animal
e minha pele perdeu a coloração.

Menina-moça trouxe-me insensatez
agora vivo a uivar louco para a lua
quando eu lembro o doce gosto da sua tez,
quando eu lembro da sua pele seda nua.

Menina-deusa vou provar teu beijo
quando o sol despontar no horizonte
assim será a morte do meu desejo

ao degustar seu lábio venenoso
assim terei minh’alma novamente,
assim terei novamente meu riso.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 14 de março de 2014

Infinitos Horizontes



Tão infinitos os horizontes da poesia
quando miro incerto todas as letras
e espalho-as pelos rios que vertem
límpidas águas dos meus pensamentos.

Então empunho a caneta-espada
e encarno alguns poetas falecidos;
àqueles que falaram das flores da morte
que enfeitavam os jardins desfalecidos.

Então recolho-me em minhas profundezas
e deixo-me guiar por vias intermináveis
onde a luz e as trevas se confundem,
onde o amor e a guerra desiludem.

Tão infinitos os horizontes das possibilidades
quando miro sem temor algum o amanhã
que vem e que vai, em busca d’outro amanhã
e assim deixo os ciclos seguirem seu curso.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 13 de março de 2014

Do Verso que Desconfio



Eu, no verso
suspeito do galho sem flor
e, da pedra que range em silêncio;
eu, poeta, rasgo pétalas e calo.

Meus, os versos,
desconfiado dos amores prudentes
pois, amar é loucura e desvario;
como caminhar nas estradas do céu.

Eu, nos versos
desconfio dos pássaros noturnos
pois, a noite é dos boêmios
e a lua brilha em mistérios soturnos.

Meus versos alienígenas no caule da flor
as vezes causam repulsa as borboletas
as vezes são como lamparinas às mariposas
mas, os lobos uivam aos versos de amor.

Eu, no verso
suspeito dos reflexos no espelho
pois, olha-me de soslaio;
tenho medo do silêncio eterno.

Meus, os versos
que cantam à morte repentina,
que festejam a vida momentânea;
eu, nos versos, meus versos ambíguos.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Versos dos Mares Bravios



Na superfície espelhada dos teus beijos
guarda mistérios que umedecem os meus lábios,
guarda segredos tão profundos inalcançáveis
pois são velados pelos olhares de Poseidon.

Mares serenos ou tão revoltos nas tempestades,
cheios de histórias, cheios de vida e de verdades;
mares azuis que correm bravios aos oceanos
encobrem terrores já engolidos a muitos anos.

Nas ondas que trazem a orla os seus desejos
vejo a força do deus Netuno que velejando
ceifa dos homens as suas crenças imaculadas,
engole a vida como a mão da morte inesperada.

Mares tão belos em poesias vou navegando,
vou içando as velas, vou pensando nela me esperando;
vou de peito aberto a um porto incerto me aventurando
com minha barcaça, minha carapaça, vou versejando.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 12 de março de 2014

Das Lembranças Inalteradas



Recordo-me das fogueiras
que sibilavam junto ao vento,
recordo-me dos acampamentos
a vislumbrar um céu de estrelas.

Recordo-me das madrugadas
a conversar pelas calçadas,
recordo-me daquele instante
quando cruzei o seu olhar.

Recordo-me do beijo da praia,
do mar azul na noite densa;
recordo-me de algumas poesias
que eu compus inda criança.

Recordo-me de profundas dores
causadas por meus amores,
recordo o cheiro em meus lençóis
somente o que restou de nós.

Recordo-me de mortes inesperadas
que carregaram a esperança,
recordo a lágrima jorrada
e algumas crenças de infância.

Recordo-me de sonhos inalcançáveis
e ainda busco-os incessantemente
pois, são os mesmos lindos sonhos
que me ensinaram a ser gente.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Esperando o Amanhecer



Espero o amanhecer
para parir alguns rabiscos
que nascem sem querer
como a flor do hibisco,

que nascem sem brilhar
meio que lusco-fusco,
que nascem a rimar
tais quais nossos corações.

Espero o amanhecer
e versifico à aurora
olhando o sol nascer
a desorvalhar a rosa,

andorinhas a revoar
acrobacias simplórias,
poesias a enxugar
os prantos de uma memória.

Espero o amanhecer
para empunhar minha caneta
que grafa entrelinhas
as belezas desse planeta,

que grafa sentimentos
da criança e do asceta,
que guarda em uma estrofe
todo amor de um poeta.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 11 de março de 2014

Sete Leões de Fogo



Eram sete leões
e suas jubas flamejavam,
seus olhos intensos
labaredas faiscavam,
seus rugidos ressoavam
o timbre de mil trovões;
eram sete leões.

Eram sete versos
que falavam de leões,
eram versos místicos
e algumas ponderações,
entrelinhas assustavam
àqueles que desvendavam
os sete versos dos leões.

Eram sete leões
e suas jubas estreladas
eram como a noite nua,
e seus olhares desvelados
vislumbravam a alquimia,
seus rugidos centenários
ecoavam noites e dias.

Eram sete versos
místicos como os leões,
escritos aos sete ventos
com sangue dos corações
que engolidos pela morte
deixaram recordações;
sete mortes, sete vidas, sete versos aos leões.


Jonas R. Sanches
Imagem: O Leão Alquímico

Dores Irreais e Olhares Estáticos



Dores irreais lancinantes
e a alma acabrunhada
se retorce como ventos bravios
que carregam longe as caravelas.

Olhares estáticos no espelho
observam todos os sofrimentos
e, há obstáculos pontiagudos
por onde meus pés sangram.

Dores tão reais que entorpecem
e o espírito se recolhe em desvario
mas, são tantas as alucinações
que já não sei mais o que é tangente.

Olhares estáticos no espelho
observam mortes que chegam,
observam vidas que partem;
e os ataúdes estão lotados.

Dores sentidas na verve da carne,
dores contidas no invólucro do ser;
dores versificadas em nova poesia
que adoeceu mas não morreu de amor.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sábado, 8 de março de 2014

Feliz Dia da Mulher



Um ser que carrega
a vida em seu ventre
com sorriso na alma
com coragem e calma;
Mulher que semeia
sementes de amor
e na hora da dor
estende sua mão
e abre seu coração
pronta a ajudar.


Jonas R. Sanches

Primordial



Primórdios dos tempos
a estrela e o vento
o raio e o evento
d’onde o fogo surgiu.

Primórdios da alma
a centelha e a aura
o barro e o sopro
d’onde o homem nasceu.

Primórdios da guerra
o fogo e o homem
e a alma se esconde
e a sede é de sangue.

Primórdios da miséria
ganância é a fera
e o homem agora chora
e a fome o devora.

Primórdios da morte
caminhos e sortes
abismos e revezes
e o homem padece em pecado.


Jonas R. Sanches
Imagem: Primordial Beat

sexta-feira, 7 de março de 2014

Esperando Anoitecer



Enquanto meus calcanhares
pisoteiam as folhas secas,
na árvore da vida novas flores
tenras, esperando anoitecer.

Enquanto meu sopro de temporal
esvoaçam pétalas do teu jardim,
no meu coração novos brotos
velutíneos, esperando anoitecer.

Enquanto meu olhar procura o teu
eu vejo motocicletas e transeuntes
que passam sem notar o meu amor
sincero, esperando anoitecer.

Enquanto meu silêncio ensurdece
com gritos calados e afiados,
ecos reverberam pelo vazio
transcendente, esperando anoitecer.

Enquanto minhas mãos calejadas
das penas e canetas sangrentas
que deixam marcas poéticas
eternizadas, eu espero anoitecer.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Sentimentos Desanuviados



Meus sentimentos espessos
me levam aos cumes do espaço
aonde me desfaço dos laços
da terra, tão momentâneos.

Meus sentimentos transpassam
como uma espada o tempo
então eu durmo ao relento
com vaga-lumes tão mágicos.

Meus sentimentos complexos
me mostram os meus reflexos
como se fossem translúcidos
mas, nunca estive tão lúcido.

Meus sentimentos vagueiam
por dunas vastas de areia
que voam e beijam a praia
desvelando os véus de maia.

Meus sentimentos poéticos
são eremitas ecléticos,
são vozes de um ancião
em versos de um coração.

Meus sentimentos mortíferos
fazem nascer a esperança
enquanto minhas letras dançam;
sementes germinando poesias.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 6 de março de 2014

Erros e Pecados bem Vividos



Eu já pequei variedades de pecados
mas, inda peco em poesias
quando expresso meus desejos
quando afogo-me nos medos
que eu tenho do amanhã;
mas, com coragem vou seguindo
meus caminhos, seja junto ou sozinho
pois, eu inda hei de vencer.

Eu já errei multiplicidades de erros
mas, inda erro em poesias
quando eu verso à triste lida
quando afogo-me na vida
que é tão imensa e pequenina
do tamanho da eternidade;
mas, com coragem vou plantando a semente
sabendo que mais à frente a colheita é de verdade.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 5 de março de 2014

Dos Sonhos Distorcidos



Eu tive sonhos
que mais eram profecias;
foram noites, foram dias,
mesmo sem adormecer.

Eu via anjos
sofrendo metamorfoses,
via o ceifador da morte
olhando o mundo renascer.

Eu via homens
vivendo os seus pecados
e, depois arrebatados
dessa vida sem morrer.

Eu via sombras
cegando do sol a luz
e a lua foi sangrenta
quando a lágrima escorreu.

Eu via luzes
circundando carruagens
que levavam à outras paragens;
infernos ou paraísos.

Eu via espelhos
refletindo minhas verdades,
distorcendo realidades;
foi impossível de entender.

Eu tive sonhos
tão reais que se escondiam
pelas frestas, entrelinhas;
esperando o alvorecer.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Céus de Fogo



Céus de fogo,
corações de gelo,
olhares vorazes,
amor em desvelo;

e a noite chega
trazendo penumbra
luzes apagadas
luas oriundas.

Céus na terra,
inferno nos homens,
interior em guerra,
dores que consomem;

e a noite chega
trazendo silêncios
lembrando saudades
das flores da cidade.

Céus distantes,
nuvens róseas,
semblantes distantes,
cavalos sem rédeas;

e a noite chega
em galope soberano
de cavalos alados
carregando os meus anos.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 4 de março de 2014

Marcas Profundas que Fortalecem



As dores cicatrizam veementes,
as cicatrizes fortalecem a mente;
aparo as arestas e encontro perfeição
sangro junto ao sol e sou coração.

Os ventos varrem embora a tristeza,
a chuva lava a minha natureza;
invulnerável meu vizir estereótipo
de um animal tão racional e tão caótico.

A poesia volita entre minhas linhas,
versos doridos, versos singelos;
rimas tão finas e extasiadas
que cantam o silêncio das madrugadas.

A noite derrama suas estrelas,
no meu alforje eu guardo-as e adormeço;
levo-as aos cumes dos sonhos insaciáveis
e, os resultados são gestos inenarráveis.

E a dama então dispersa seu perfume
eu colho suas flores e bebo seu néctar;
minha jornada tão só e tão calada
deixa uma marca inspiratória e alada.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Das Mágoas das Minhas Deficiências



Eu sinto minha deficiência
aprisionar-me em um exílio,
e o desprezo das pessoas
deixam meu coração dolorido

mas, é suportável meu desvelo
pois, a vida segue num novelo
que vai bordando minhas vitórias
que vai tecendo a minha história.

Mas, no meu peito há amargura
por aquela gente que me julga;
então versejo versos amargurados
sobre o desfecho de uma noite

onde meu coração partido
sentiu a dor de um desprezado
mas, sou poeta e sigo em frente
sentindo o gosto do pecado.

Eu sei que minha deficiência
tornou-me um tanto diferente
por isso que eu sou tão sozinho,
por isso eu calo no fim da noite.

Muito magoado...


Jonas R. Sanches

domingo, 2 de março de 2014

Das Noites Silenciosas da Alma



Nas noites onde eu converso com minha alma
eu ouço sussurros do lado de fora do mundo
e na estrela no céu uma mancha de sangue
marcando o início da luta dos anjos.

Nas noites onde eu bebo da luz dessa chama
eu me embebedo de versos azuis esquecidos
e nos ventos dos tempos libertos de outrora
eu relembro os finais sem começos de uma rosa.

Nas noites que durmo com os olhos vidrados
no espelho que fere no escuro imaturo
das dores secretas profundas da vida
que surgem perfeitas em sua mansidão.

Nas noites infindas que leio o espírito
que reza sozinho suas preces de solidão
eu vejo de volta no olhar o brilho de menino
que traça sua senda de sonhos tranquilos.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google