segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Às Almas Sertanejas Padecidas

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E a poesia continua
excepcionalmente depois das duas
horas sensatas da madrugada

enquanto a lua embriagada
prateia o pranto do sertanejo
que relembra o tempo do seu festejo
entre colheitas de sua fartura

mas, hoje a vida tornou-se dura
e daqueles tempos só a viola
enche o terreiro de nostalgia

mas, não enche o peito de alegria
e em cada nota um gemido curto
enfeitando a alma obscurecida;
já tão cansada dos espinhos da lida,

já tão faminta de um afago
e, a noite esvai-se no último trago;

e a morte toma o último suspiro

e, o corpo inerte é um verbo transitivo
que parte dessa pra outra melhor.


Jonas R. Sanches
Imagem: O Corvo the Raven by Paul Gustave Dore

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