sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Casulos nos Muros da Selva de Pedra

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Metamorfoses kafkianas evoluindo
dentro do tubo de ensaio da vida
e a crisálida tornou-se menina,

menina-borboleta venusiana
de cores ocres em tons marfim
beijando flores pitagóricas

de pétalas portadoras da geometria
que é divina, que é perfeita no caramujo
em sua casca, seu novo mundo;

então o escaravelho partiu,
partiu em dois o coração-rubi
que o velho eremita carregava em seu cetro,

cetro de cedro, cetro de vento;
e o tempo é o maior remédio,
tomo doses em copos de ampulhetas

e das areias surgem novos escorpiões
que volitam a noite em constelações,
mas lá está ela, vestida com sua túnica;

ela traz na mão direita um caduceu,
na mão esquerda traz sete dedos
e seus anéis roubados de Saturno

e cavalga em porcos doirados da Sumatra;
e a poesia que recita chega a ser Homérica
e a poesia que escrevo quase cadavérica

é aquela feita em um casulo
é aquela pixada por detrás do muro;
muro de Berlim, muro do quintal;

muralhas que dividem o bem e o mal;
mas o poeta que é alicerce inerte
cala-se, despudora-se, aflige-se;

e quando chega o fulgurante sol
ele contempla a aurora e adormece na relva,
e adormece na selva perigosa da imaginação.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

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