quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Da Busca Infinita Interior



Procuro a imensidão da pequenez
que delicada é o espelho do infinito
encontro-a num gesto de sensatez
e perco-a num instante tão incógnito.

Procuro a imensidão da lucidez
que translúcida reflete o progênito
de toda cria que nasce com fluidez,
da luz divina que alimenta o primogênito.

Procuro a imensidão do olhar de Deus
então encontro a profundeza incompreensível
mas lá no fundo sei que a alma compreendeu
que Ele é todo o visível e o invisível.

Procuro agora a minha paz interior
encontro um eco intransponível de silêncio
que reverbera em polidez com puro amor
que há no verso todo inverso que pronuncio.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Soneto da Vida que Passa



Olho meus olhos nos espelhos
e vejo minh’alma sofrendo;
olhos gastos tão vermelhos
e o espírito se remoendo.

Olho minha vida que passa
e vejo que nada mudou;
olho o tempo que ultrapassa
e vejo que a idade passou.

Vida sutil passageira,
vida sem nenhuma alegria;
espero então a hora derradeira

ou espero somente outro dia
por onde então eu recomece
agarrando-me em alguma prece.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Jardins Venenosos da Minha Alma



Descobri flores no fundo do meu coração
mas nelas existem muitas dores e espinhos
que fazem sangram quem as ousarem tocar
que envenenam os que inalam seus olores.

Descobri flores, muitas flores no meu coração
e suas cores hipnotizam até que já não suporte;
nesse jardim somente eu posso pisar
pois se pisares suas pétalas são sua morte.

Descobri flores raras brotando em minh’alma
e os seus polens são nocivos ao olhar
por isso eu guardei-os onde eu não possa vê-los
e resguardei-me de toda vontade de amar.

Jardins secretos em minha mente perturbada
com borboletas que assemelham-se as fadas;
jardins silvestres colorindo meu espírito
que já não chora, apenas ora enquanto grito.

Descobri flores entranhadas no interior
desse ser louco que habita nesse vil corpo,
descobri a vida e fugi dela por uma flor
pois em si mesmo descobri um jardim morto.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

O Doce Beijo da Morte



Estou angariando o beijo da morte
mas nessa empreitada inda não tive sorte,
queria ao menos que ela me olhasse os olhos
e me levasse desse mundo cão.

Estou comprando uma passagem só de ida
na estrada escura onde não há despedida
e tudo aquilo que eu amei um dia
quem sabe se estiver distante seja alegria.

Estou aqui somente de passagem
mas não queria estar em lugar nenhum;
estou aqui mas já não vale a pena
viver a vida preso nesses grilhões.

Beije-me morte e sele o meu destino,
venha ceifar toda dor que eu sinto,
venha e carregue minh’alma ao inferno
pois sei que mereço esse eterno inverno.

Beije-me morte e carregue meu espírito
leve-o tão longe para eu ser esquecido
leve-o em seu ombro e o chame de foice;
leve-o, e para esse mundo miserável não o deixe voltar.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

domingo, 26 de janeiro de 2014

Minha Incurável Doença Poética



Detritos de uma explosão emocional
tornam meus distúrbios animais
e minha respiração é ofegante, estressante;
nesses pulmões de ogiva nuclear.

Minha doença poética incurável
não tem remédio e nem contraindicações;
mas, meus cabelos já não são longos o bastante
mas, as linhas dos meus pensamentos são infinitas.

Recito meu grito que ecoa na tumba,
versifico meus grilos que incomodam vizinhos
mas, tudo isso não é nada de mais
mas, tudo isso não é nada que eu possa inalar.

Minha doença poética incurável
não tem vacina mas é inenarrável,
mas, tudo isso não passa de ponderações
mas, são notas fragmentadas do meu coração.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Das Poesias Matutinas ao Rock ‘n’ Roll da Minha Morte



Da poesia matutina
um rock pesado alienígena
ou um jazz com pitadas de morte;
esse é o jogo da minha sorte.

Dessa poesia nascida a aurora
um solo de blues que se demora
estlio Hendrix ou Satriani;
animando ou desanimando o coração.

Da poesia acordes meteóricos de Rammstein
de um Keine Lust no último volume
ou um Led Zeppelin abrandando a alma;
reviogorando em Song Remains the Same.

Da poesia matutina uma poesia assassina
ressuscitando Sepultura com Max Cavalera
ou toda calma de um acorde de Dylan;
e isso me faz bem, e isso me faz mal.

Ressurjo na poesia junto ao sol,
ressurjo à noite em ápice de arrebol;
e meus tímpanos são insaciáveis
que até escutam o retorcer dos cadáveres.

Poesia, música e alucinações;
espírito, alma, entranhas e coração;
nervos de aço, nervos contorcidos;
beijos de desejos, beijos de amigo.

E no crepúsculo do apocalipse
eu deito-me nos trastes de uma Fender
e visto as vestes imaculadas da virgem
que sangrou até a morte em meu ritual.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

À Sheila Maria Yui



Dos dias que passam,
dos anos que restam;
que as eternas crianças
dentro de nós não cresçam.

Do dia que é seu,
dos anos já vividos;
essa é uma singela lembrança
ao aniversário de uma amiga.

E que os dias vindouros
brilhem em sua alma qual ouro,
brilhem belos como seu olhar;
vá menina, sem temores, e navegue seu mar.


Jonas R. Sanches

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Dia Sem Poesia



Hoje não haverá a poesia
não haverá a luz do dia
e a noite será sem alegria;
só depressão e o coração
danificado, por ser alado,

por não ser amado e a estupidez
de algo insano, desfez os planos;
desfez-se em fragmentos
e foi levado pelo vento
foi das cinzas até a tumba

dessas palavras moribundas
dessas palavras vagabundas
que eu tento proferir, mas eu morri;
e já não sei ao certo o que há;
serão só dois comprimidos

já é hora de deitar, descansar;
a minha mente impaciente
tão descontente e inconsciente,
sabe que hoje não haverá a poesia
mas, quem sabe amanhã ela retornará.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Saudade do Mar



Amanheceu e o que bateu foi nostalgia
pois o meu sonho era alegria junto ao mar;
junto a pessoas que pra mim são tão queridas
junto a pessoas que eu aprendi amar.

Amanheceu e o que ficou foi a saudade
pois o meu sonho foi bonito e tão real;
queria eu estar com elas neste dia
queria eu sorrir, brincar a beira mar.

Amanheceu e infelizmente foi um sonho
e dele então o que me resta é a poesia
para gravar no coração este momento
que eu sorri com toda minha alegria.

Me leve junto em sua viagem Iemanjá,
me leve perto desses entes tão queridos;
me leve agora sem ter hora pra voltar,
leve contigo esse teu filho para o mar.


Jonas R. Sanches

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Sonhando pela Noite Afora



Sonhos tão paliativos
escapando pela noite afora
e a alma livre se demora
a espera de uma poesia.

Sonhos não realizados
rebatendo pela mente adentro
e a alma presa se isola
a espera que a dor vá embora.

Sonhos sonhados sozinho,
sonhos velhos coletivos;
sonhos distantes, sonhos de amores;
em um mundo belo de sonhadores.

Sonho um dia ser poeta
por isso adentro uma interpretação
das coisas que não sei ao certo,
das coisas que brotam no meu coração.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Das Coisas Comuns Olhadas Pelo Poeta



Do amor um resto incalculável
da flor um gesto imaculado
da dor um horror imensurável
do peito um verso tão amável.

Do sol um calor já escaldante
do livro a viagem de Dante
do pássaro um voo em liberdade
do peito um verso sem idade.

Da lua um brilho majestoso
da menina um olhar apaixonado
da noite a estrela em céu leitoso
do peito um verso fabuloso

Das pegadas migalhas pelo caminho
das gaivotas filhotes gritam nos ninhos
de um amor grita meu coração
do peito versos d’alguma paixão.

Do poeta vestígios de solidão
do asceta palavras de conhecimento
de um vento quem sabe um furacão
do peito alguns versos de descontento.

E a jornada que é infinda continua
e a carne que é pouco, é nua;
mas há sempre algo a se observar
então o poeta continua a caminhar.


Jonas R. Sanches
Imagem: Lucien & Simon

domingo, 19 de janeiro de 2014

Sendo Si Mesmo

Já recebi sermões que se fossem emendados dariam voltas ao mundo, já fumei baseados que se emendados dariam mais voltas ainda, mas, aí te pergunto: e daí? Se me julgares não me tornarei irado, e sim, tornar-me-ei orgulhoso de ser notado, não que ser notado seja meu objetivo, mas por saber que não estacionei na inércia real que a cada dia absorve mentes, alienadas mentes, sem ao menos lhe darem a oportunidade de escolha... Mas escolher o quê? Sei lá, nem uma escolha é comum às outras, ninguém é igual a ninguém, mas, pelo que me parece; vejo uns copiarem os outros com insucesso, movidos não pela vontade de serem si mesmos, mas pela ganância e pela vergonha da maneira que encaram a si mesmos... Sejamos nós impreterivelmente, sejamos nossos sonhos em constante realização, sejamos aquilo que agrada-nos, independente se nossos atos magoarem, machucarem, polemizarem... Simplesmente sejamos o que verdadeiramente somos.


Jonas R. Sanches

Desigualdade Pútrida Social



Das vidas vícios eloquentes
devastando e libertando mentes;
corroendo em ácidos os pensamentos
e os ares são tóxicos como palavras;

malditas, benditas, palavras soltas;
palavras presas pelas armadilhas da vida.
Nas esquinas dois garotos e uma lata de benzina
e o futuro passa sem notá-los, mas a poesia o faz.

Capitalismo e destrutivísmo democráticos
enquanto pulmões asmáticos gritam ar
enquanto o poeta não é mais que mais
uma boca que grita palavras e as regurgita.

Da vida vícios ilegais entre pessoas legais
e o sistema é o retrato do egocentrismo
ditando certos e errados que lhes convém;
mas, as almas querem se libertar de tudo.

E no fim das contas um viciado é preso como esmola,
álibi de uma noite de loucuras terminadas no camburão;
e no fim das contas magnatas saem sorrindo
rindo da sujeira escondida debaixo de seus tapetes persas.

E o poeta observa quase calado a rotina desgraçada
de vidas se esvaindo no frio de um viaduto na calçada
mas, infelizmente é a nua e crua realidade
versificada por mãos doentes e calejadas.

E se essas palavras chegarem nos jornais
será apenas mais uma página-cobertor
de um indigente que também é gente;
gente que aproveita de um papel velho pra proteger seu frio.




Jonas R. Sanches
Imagem: Google 

sábado, 18 de janeiro de 2014

Seus Cabelos Cor de Fogo



Acordei com o perfume dela
ziguezagueando pelas narinas
o no seu olhar tão doce
reflexo de uma boa companhia,

o céu desestrelado foi testemunha
das lacunas dos nossos pesares
das insanas vozes dos pensares;
noite de uma estrela, que é você;

noite transviada, onde o fim foi o começo;
mas, as coisas boas são carregadas das lembranças,
tão boas lembranças onde a luz da noite
éramos nós.


Jonas R. Sanches

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Casulos nos Muros da Selva de Pedra



Metamorfoses kafkianas evoluindo
dentro do tubo de ensaio da vida
e a crisálida tornou-se menina,

menina-borboleta venusiana
de cores ocres em tons marfim
beijando flores pitagóricas

de pétalas portadoras da geometria
que é divina, que é perfeita no caramujo
em sua casca, seu novo mundo;

então o escaravelho partiu,
partiu em dois o coração-rubi
que o velho eremita carregava em seu cetro,

cetro de cedro, cetro de vento;
e o tempo é o maior remédio,
tomo doses em copos de ampulhetas

e das areias surgem novos escorpiões
que volitam a noite em constelações,
mas lá está ela, vestida com sua túnica;

ela traz na mão direita um caduceu,
na mão esquerda traz sete dedos
e seus anéis roubados de Saturno

e cavalga em porcos doirados da Sumatra;
e a poesia que recita chega a ser Homérica
e a poesia que escrevo quase cadavérica

é aquela feita em um casulo
é aquela pixada por detrás do muro;
muro de Berlim, muro do quintal;

muralhas que dividem o bem e o mal;
mas o poeta que é alicerce inerte
cala-se, despudora-se, aflige-se;

e quando chega o fulgurante sol
ele contempla a aurora e adormece na relva,
e adormece na selva perigosa da imaginação.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Soneto da Sensatez da Embriaguez



Na lacuna da minha embriaguez
um vislumbre do ato censurado
embebido de luz da insensatez
pela noite materna acuado.

Pela fresta negra da sensatez
um vislumbre de algo iluminado,
dilúvio de lágrimas e estupidez
e um barco de pirata naufragado.

E as clausuras da mente são reais
aprisionando em grades ilusórias
refletidas como auroras boreais

em soneto feito por mãos simplórias;
e a curva do destino é uma surpresa,
e a curva espaço-tempo uma certeza.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Alma que Chove



Uma nuvem nublou minha visão
então tive que olhar com o coração
encarar de frente o olhar do tempo,
de frente ao espelho dos lamentos

e o rosto que vi ali refletido
era rosa vermelha desfolhada
e minha alma ali despetalada
sucumbiu tênue à sedução.

Uma nuvem nublou minha visão
e foi nuvem turbilhão de temporal,
foi uma guerra feroz do bem e o mal
digladiando o algoz do sentimento

e as espadas eram rosas cor de anil
com espinhos ferozes de venenos,
com espinhos que a alma trouxe a tempos
para ferir bem dentro do coração.

E a nuvem nublou minha visão
então cego flui com a chuva de verão
reguei pastos de uma recordação
depois me desfiz nas águas do ribeirão.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Quando Ela Chega



E lá vem ela
sorrateira novamente
não pode me ver contente
que vem como dor de dente;
eu falo da solidão,

que todo dia
bem perto do arrebol
ela chega e vai o sol
vem estrelas e tristezas
quando chego ao atol.

E lá vem ela;
minha eterna companheira
trazendo a paz verdadeira
mesmo sendo um gesto duro
nessa hora derradeira.

Quando ela chega
é hora de ficar calado
deixar o temor de lado
e o olhar límpido qual lago
sem ventar a madrugada.

Quando ela chega
fico quase atordoado;
me liberto dos grilhões
e o espírito desgarrado
vai vagar imensidões.


Jonas R. Sanches

Rituais de Janeiro



O vento soprou novos ares,
as velas queimaram altares,
os ritos andaram tranquilos;
a lua brilhou e estridularam os grilos.

O beijo da noite adentrou
a boca que recitou feitiços,
as cores e os laços místicos
dançaram junto aos elementos.

Os símbolos crepitaram macios,
os tímpanos acolheram orações,
pensamento tornou-se vazio
libertando a dor do coração.

Os Mestres atenderam às súplicas,
os Anjos harpejaram melodias,
a consciência livrou-se da dúvida
e o horizonte raiou mais um dia.

O Mago recolheu-se a tenda
interna da sua alegria;
a voz que rugiu foi tremenda
e a morte chegou já tardia;

e nos pantáculos sagrados
eis que surge nova revelação,
e no fio dos punhais
bebo o sangue da iluminação.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Eterno Poeta



Tudo o que é vivo sobre a terra há de morrer,
as flores com seus delicados pólens morrem,
as feras nas savanas africanas morrem;
o homem seja bom ou seja mau morre,
os pássaros que povoam os ares morrem,
as abelhas, borboletas e besouros,
as folhagens, as ramagens e os canoros,
todo peixe, toda árvore e toda dama;
mas o poeta sobrevive
 em nossa mente eternamente.


Jonas R. Sanches
Imagem: Inga Nielsen

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Das Coisas que Eu já Quis



Queria ser voo alto como o falcão,
queria ser profundeza de um abismo,
queria ser carinho do coração;
mas sou somente palavras de um menino.

Queria ser colorido como o arco-íris,
queria ser estrela em constelação,
queria ser a oração no reino de Ísis;
mas sou somente menino em construção.

Queria ser limpidez de um mar profundo,
queria ser todo ar enchendo os pulmões,
queria ser atmosfera que envolve o mundo;
mas sou somente menino em suas orações.

Queria ser quentura que o sol irradia,
queria ser escuridão da noite chuvosa,
queria ser luminoso como a luz do dia;
mas sou um poeta a contemplar uma rosa.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Palavras Tardias



Palavras tristes
de um poeta triste
que olha o céu cinzento
e suas nuvens pesam.

Palavras desmedidas
de um poeta e suas feridas;
das noites mal dormidas
de pálpebras salientes.

Palavras infinitas
de um poeta sem final;
de lágrimas sem sal
escorridas pelas dores.

Palavras... Tantas palavras,
dicionários desvairados
contorcidos pela mente
do poeta em anonimato.

Palavras tristes
da caneta em riste;
da inspiração tardia
que corrói meus dias.


Jonas R. Sanches
Imagem: Maria Clarinda

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Noite Densa



A noite ao longe
relampejante
e às estrelas tímidas
sobrevoam sonhos.

A noite quente
de trovoadas
e às nuvens revigoradas
passeiam pesadas.

Será noite chuvosa?
Será noite solitária?
Será noite insólita?
Será noite de festa?

A noite densa
de sentimentos
do leste o vento
para amenizar.

A noite negra
como os sentimentos
vazios, vagantes;
e a poesia é a companheira.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Das Palavras Intrínsecas



Das palavras intrínsecas
voos alucinantes estratosféricos
carregando corações solitários
dentro de um pote de poesias.

Das palavras intrínsecas
a morte viva que persegue
carregando almas inanimadas
por caminhos tortuosos do sertão.

Intrinsecamente o verso apaixonado
que eleva e enleva-se aos ápices sutis
de um sentimento inviolável
que germina no olhar de uma criança.

Das minhas palavras intrínsecas
ranhuras em cadernos amarelados
molestados pela ação do vento
onde estão ocultos versos que não escrevi.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O Homem que Virou Fumaça



Ele já não sabia o que fazer, queria partir e deixar tudo para trás, queria deixar de existir e ser esquecido, mas era impossível tudo isso se apagar. Tomou em sua mão então a pena e em seu sangue a embebeu mais uma vez, deixou a carta assinada sobre a mesa e em fumaça todo seu ser se desfez... Subiu aos céus e foi morar por entre as nuvens mas precipitou-se com a chuva e se refez, tentou fugir, tentou morrer, tentou beber, mas foi um sonho brotado da insensatez.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Ser Eterno



Sou do tempo uma sequela
e da folha sou a poesia
sou da terra a flor que brota
e da vida sou a luz do dia.

Sou do sonho o pesadelo
e da dor sou alegria
sou da nuvem a tempestade
e do céu sou a estrela guia.

Sou da trilha uma passagem
e do ouro sou a alquimia
sou do espinho a rosa cálida
e da praia sou a maresia.

Sou dos homens a humildade
e da noite sou o poeta
sou da dúvida uma verdade
e dos livros sou asceta.

Sou a luz do fim do túnel
e da vela sou a oração
sou do incenso o perfume
e do fogo sou a renovação.

Sou do vento o frescor
e sou lua no firmamento
sou da fé o eterno amor
eu sou a cura do tormento.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Das Buscas em Vão



Tentei buscar aonde a mente não alcança
me deparei com turbilhões de infinitos
onde estrelas se agrupavam em esperança
de amanhã forrar um mundo mais bonito;

mas, foi finita a inspiração da poesia
pois em agruras amanheceu mais um dia
e a labuta fez da enxada minha caneta
pra descrever tanta tristeza no planeta.

Tentei voar por onde o sonho estremece
me deparei com a noite triste que amanhece
então chorei um rio de cores estrangeiras
e fiz o pranto correr a minha maneira;

mas, foi finita a inspiração da poesia
pois minhas letras desaguaram em cachoeiras
levando embora aquela amor que eu queria,
levando embora toda a minha alegria.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

domingo, 5 de janeiro de 2014

Sol que Frita



Veja esse sol
sem arrebol
se derretendo
em nossas cabeças;

veja o inferno
clamo ao inverno
que amanheça
refresque esse dia;

sem maresia
bafo da terra
suba e faça nuvem
desça e faça chuva.

Veja esse sol
venha arrebol
traga as estrelas
e uma brisa fresca do leste.


Jonas R. Sanches

sábado, 4 de janeiro de 2014

Das Incertezas do Tártaro



Mergulho ao Tártaro
em rios de lavas, lamaçais
em purgatórios
sonhados por Lamennais;

e a porta aberta
deixou a fresta em poesia
para cantar
a voz que Cronos possuía.

Mergulho infernos
e vejo Hades praguejando
seu insucesso
que engole almas flamejantes;

e o barqueiro
carrega as vestes de Caronte,
carrega vidas,
carrega os versos que fiz ontem.

Mergulho em mares
de profundezas infindáveis,
sou consciente
de fatos inenarráveis;

e a partitura então perdura em melodia
dessa incerteza
que mata;
que percorre os dias.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Vícios Saudáveis



É como um vício em minha mente
que me carrega ao purgatório,
que me investe de alguns pecados
que eu descrevo em relatório.

São como um vício as madrugadas
que me arrebatam do que é real,
que me vestem de gala ao limbo
aonde me encontro com o normal.

É como um vício tão corrosivo
essa minha falta de um abrigo,
essa viagem de algoz refúgio
onde a vida se fez prelúdio.

São como vícios minhas alegrias
que me carregam além dos dias,
que me revestem de doiras letras
onde o alento é o vento da poesia.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Do Interior de Si Mesmo



Dentro do corpo uma tempestade
e o espírito se enevoa em turbilhão
cães se dilaceram na batalha interior
e trovões rugem no profundo da mente.

Dentro do corpo um furacão
e a alma se despe de qualquer pudor
vigiando a consciência no limite da dor
vasculhando a inconsciência em busca de amor.

Dentro do corpo vulcões em erupção
e o espírito se revela no âmago do coração
viravolteando toda a luz da sensação
e explodindo em morte e ressurreição.

Dentro do corpo é a guerra entre bem e mal
e a alma se contorce em vento sazonal
mas, quando tudo se acalma é revelação
e germina em terra fértil a poesia então.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Meus Dóceis Fantasmas



São dóceis meus fantasmas,
são como almas, são como armas;
são conscientes, são minhas dores
e os amores que a vida quis eu vi partir.

São dóceis os meus fantasmas,
são como as flores e as borboletas;
são siderais, de outros planetas
e os sonhos que a vida quis se quebraram.

Há se ainda fosse primavera
e a lua brilhasse em meus céus
não haveriam fantasmas e sim estrelas;
e as lágrimas que a vida trouxe seriam doces.

São dóceis os meus fantasmas,
são de lembranças boas e ruins;
são de momentos que eu já vivi
e a poesia que a vida trouxe eu escrevi.


Jonas R. Sanches
Imagem: Lula Cardoso Ayres

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Idas e Idas



Vão-se os dias,
passam os anos
e o que é real?
Já não sei dizer.

Vão-se as vidas,
passam os dias
mas ficam histórias
das profundezas do ser.

Vão-se as letras
mas ficam as poesias
por noites e dias
por eras e eras.

Vão-se os dedos
mas ficam os anéis
fica a saudade
e fica algo mais.


Jonas R. Sanches
Imagem: Google